ACOLHIMENTO AOS INFANTES COM SUSPEITAS DE ABUSO/AGRESSÃO

Apresentação

O tema violência vem sendo discutido com maior visibilidade e a exposição à violência se constitui como fator de risco para a socialização e o estabelecimento das relações familiares. A violência contra crianças e adolescentes pode prejudicar seu bem-estar, implicar em graves repercussões físicas e emocionais e hoje é um problema que atinge diferentes classes sociais e culturas. Essa experiência nasceu através da preocupação do Ministério Público e Secretaria de Educação relacionado a violação do corpo do menor, identificadas por denúncias e/ou indícios observados no ambiente escolar e na constatação que não há no município um fluxo para encaminhamento e acompanhamento desses casos para confirmação ou descartes. O MP acionou a secretaria de saúde para criação de um comitê Intersetorial para construção do fluxograma e assim constituir uma equipe multisciplniar para apoiar a vítima e seus familiares e a equipe de atendimento aos casos suspeitos e para incentivar a busca de ajuda nos serviços ofertados quando ocorrem esses casos.

Objetivos

1 – Criar e estabelecer fluxo de encaminhamento e acompanhamentos dos casos suspeitos 2 – Incentivar a busca do atendimento e acompanhamento em casos suspeitos e continuidade do acompanhamento após confirmação 3 – Reduzir o trauma das longas esperas no intuito de não revitimizar a criança ou o adolescente por meio de julgamentos 4 – Reduzir os efeitos do abuso caso seja confirmado através da escuta qualificada e psicoterapia individual oferecendo um espaço acolhedor Malgarim e Pacheco (2011)2 afirmam que em casos de abuso sexual a psicoterapia individual é muito aconselhável, visto que oferece um espaço acolhedor, de superação, no qual essas crianças irão elaborar suas vivências traumáticas, sendo respeitadas e realizando-se a escuta qualificada.

Metodologia

Em consonância com a Lei 13.431/2017 o município criou fluxograma e institui equipe multisciplinar para realizar a escuta inicial e o atendimento e condução do caso conforme descrito abaixo: Demanda espontânea/Indicio escolar/denúncia = Conselho tutelar = UBS de referência Avaliação médica = 1º Suspeita não reafirmada pelo médico (Descarte de situação de Saúde) = 2º Suspeita reafirmada pelo médico 1º Orientações cabíveis para os familiares 2º Equipe multi realiza atendimentos, analise do caso, emite relatório de impressão, aciona delegacia para registo e encaminhamento ao DPT para realização de pericia = retorna para acompanhamento de equipe multi vítima e familiares.

Resultados

Com o estabelecimento do fluxograma, a realização do treinamento das equipes multiprofissionais e intersetoriais, para a observação dos sinais/sintomas e escuta qualificada, na identificação da situação, emissão de impressão profissional a identificação dos casos tornaram mais eficazes e os encaminhamentos suspeitos mais eficientes, descartando problemas relacionados a saúde das crianças dos indícios de abuso e assim um atendimento integral para a patologia e em casos confirmados essas crianças e adolescentes passam por um momento de escuta, acolhimento, para com a exploração de sua vivência, conseguiram elaborar de forma saudável a situação traumática, compreendendo seu papel de vítima e tendo uma nova visão da situação.

Conclusões

Em conclusão, destaca-se o valor da condução singular de cada caso, bem como a importância dos diferentes profissionais pertencentes a equipe multidisciplinar e multiprofissional para ouvir e trabalhar ‘junto com’, e não ‘para’ as crianças e suas famílias. Destaca-se, nesse sentido, a utilidade e relevância da elaboração conjunta do Projeto Terapêutico Singular (PTS), com a participação da família, da vítima e da equipe responsável. Foi possível constatar que a interação recíproca de todos os envolvidos resultou na implantação do fluxograma, de forma que, ocorreram mudanças nas formas de relação, e com um olhar mais preciso de assistência e cuidado