A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PÉ DIABÉTICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Apresentação

O chamado de “pé diabético”, é caracterizado pela ulceração, complicada por infecção. Se associar a lesão à má circulação, ela pode evoluir para amputação do membro (BANDEIRA et al, 2014). O número de indivíduos com diabetes mellitus tem crescido de forma epidêmica e as complicações têm se tornado frequentes (DUARTE, GONÇALVES, 2011). O risco de um diabético ter úlcera de pé ao longo da vida chega a 25% e estima-se que, a cada 30 segundos, ocorra uma amputação do membro inferior. Salienta-se que cerca de 10 a 25% dos pacientes com diabetes mellitus (DM) acima de 70 anos têm lesões em MMII e, destes, 14 a 24% evoluem para amputação. É considerado um fator comum de invalidez, uma vez que, por conta da possível amputação do membro afetado, a qualidade de vida do diabético diminui (CUBAS et al, 2013) A ulceração do pé diabético é um problema médico, social e econômico em todo o planeta. A prevenção baseia-se em manter a taxa glicêmica sob controle, praticar atividades físicas e realizar exames anuais para detecção precoce da polineuropatia periférica, já que muitas vezes elas são assintomáticos. Dessa forma, o autoexame se torna indispensável para verificar se há frieiras, cortes, calos, rachaduras, feridas, alterações de cor da pele e ausência de pêlos (BANDEIRA et al, 2014). O tratamento se baseia em manter a diabetes controlada, corrigir o calçado que pode ocasionar trauma, antibioticoterapia adequada em caso de infecção e curativos diários com produtos específicos.

Objetivos

Relatar a experiência de um tratamento de úlcera venosa em pé diabético realizada a partir de um projeto piloto desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde dentro do município de Macururé-Ba.

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, desenvolvido na execução das atividades do Projeto Hora da Saúde, do município de Macururé, intitulado como “UNIDIA – Um Dia Pela Diabetes”, vinculada a Secretária Municipal de Saúde, cujo objetivo geral é promover a assistência integral aos indivíduos portadores de diabetes mellitus e com pé diabético. Os dados foram obtidos no período de Julho à Setembro de 2023 durante as realizações das consultas de enfermagem. As etapas foram divididas por categorias de classificação para o desenvolvimento de agravos leves, moderados e de alto risco para o doença, onde por meio de rastreio chegamos ao público alvo. Utilizamos como instrumento de busca nas consultas de enfermagem, a ficha de Rastreamento Populacional de Diabetes Mellitus (Ficha de Investigação), bem como, a ficha de Uso de Monofilamentos Semmes-Weinstein de 10G Procedimento do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (CEDEBA). Os atendimentos aconteceram nas segundas e quarta-feira, no período matutino, na Unidade Básica de Saúde local. O projeto iniciou na UBS do Salgado do melão (zona rural), no povoado do Icó, área escolhida por ter o maior número de pacientes diabéticos cadastrados no Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC). O projeto piloto teve como objetivo levar aos populares conhecimento sobre diabetes e suas complicações, afim de rastrear, promover, prevenir e tratar os agravos causados pela patologia.

Resultados

Paciente M.D.C., 53 anos, sexo feminino, moradora do município de Macururé, diagnosticada com diabetes mellitus tipo II (DM II), com úlceras venosas e lesões diabética em membros inferiores. Na primeira consulta, no exame físico a paciente apresentava várias feridas com diferentes tamanhos, com característica de 80% com presença de esfacelo, 10% de tecido desvitalizado, bordas irregulares, e 10% de tecido de granulação. O DM afeta a reconstrução tecidual devido à diminuição da resposta imunológica (HOSPITAL ANCHIETA, 2017). É conhecido que as margens da ferida fornecem dados sobre a epitelização, desempenhando um papel crucial na recuperação. O tratamento optado foi a limpeza da ferida com o uso do soro fisiológico 0,9% associado a clorexidina degermante 4%. O tratamento prescrito foi a Kollagenase com Cloranfenicol pomada em local com presença do tecido desvitalizado associado ao Ácido Graxo Essencial (AGE) em local de tecido de granulação + bandagem compressiva de óxido de zinco (bota de unna) para o tratamento de úlceras venosas. Para os pacientes com doença venosa, a bota de unna pode minimizar ou reverter as mudanças que a hipertensão venosa crônica provoca na pele e na rede vascular. O tratamento com tais produtos perdurou por 19 semanas, entretanto a partir da 5ª semana observou-se a presença de 100% de tecido de granulação, e diminuição do diâmetro da ferida. No final do mês de Novembro de 2023 a paciente recebeu alta.

Conclusões

A enfermagem, como protagonista no tratamento de lesões, deve ter familiaridade com os diferentes tipos de coberturas primárias e secundárias para as feridas, à fim de, sempre escolher a melhor opção e, assim, contribuir para o planejamento da assistência aos pacientes com feridas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). Assim, essa descrição corrobora, com todos os enfermeiros envolvidos no tratamento de feridas, uma vez que apresenta um quadro clínico de tratamento de úlcera venosa e lesões diabéticas, com coberturas apropriadas, em um município de pequeno porte, com desfecho positivo.