ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO CAPS I DO MUNICÍPIO DE RAFAEL JAMBEIRO-BA

Apresentação

Foi estabelecido na Lei de nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. No seu artigo 6º está incluída a formulação da política de medicamentos e de assistência terapêutica integral no Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive farmacêutica (BRASIL, 2001). Foi verificado que aproximadamente 19% dos habitantes do município possuem acesso aos medicamentos disponíveis no Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I), num total de 4.132 usuários. Desses, 2.998 possuem cadastro no CAPS I, sendo que 2.863 são usuários inseridos em tratamento farmacológico e 135 são usuários não utilizam medicamentos, mas são acompanhados por psicólogos. Após observar a dispensação dos medicamentos psicotrópicos no CAPS I, notou-se que existem pacientes inseridos em mais de um tratamento medicamentoso, que não retornam em intervalos adequados para acompanhamento e avaliação com o prescritor, não realizam o desmame dos medicamentos. Além disso, não há uma equipe multidisciplinar designada para organizar a dispensação de medicamentos. Somando todos esses fatores, observou-se a necessidade da implantação da Assistência Farmacêutica no CAPS I para elaborar fluxos que possibilitem o acompanhamento multidisciplinar dos usuários, promovam o uso racional de medicamentos, aprimorem o controle de estoque e a dispensação de medicamentos.

Objetivos

Geral Garantir assistência Farmacêutica no Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I) do município de Rafael Jambeiro-BA, com ênfase no uso racional de medicamentos. Específicos – Acompanhar o fluxo de dispensação e controle de medicamentos psicotrópicos no CAPS I – Qualificar a equipe multiprofissional da Unidade sobre o uso racional de medicamentos

Metodologia

A assistência Farmacêutica visa atender aos objetivos propostos, traçados com base no levantamento realizado do perfil de usuários do CAPS I, incluindo a realização de ações que impactem na realidade desta unidade de saúde do Munícipio de Rafael Jambeiro-BA. Inicialmente foram realizadas reuniões com a secretária de saúde e com a coordenadora do CAPS I, a fim de sensibilizar as mesmas e expor as melhorias que ocorrerão na unidade e para seus usuários. Em seguida realizamos diversas reuniões com a equipe da farmácia do CAPS I para construção dos fluxos de dispensação e controle de medicamentos, reuniões com equipe multiprofissional da unidade para apresentação dos fluxos além de treinamentos com os profissionais inseridos no serviço para execução dos fluxos estabelecidos, assegurando as melhorias internas na instituição. Mensalmente são promovidas reuniões com equipe multiprofissional do CAPS I para traçar estratégias de promoção do uso racional de medicamentos entre os usuários que utilizam os serviços do CAPS I, os demais funcionários da unidade serão também foram inseridos no debate sobre o uso racional de medicamentos. Constantemente são realizadas “sala de espera” na unidade com mine palestras e materiais informativos (folders, cartilhas, etc) para orientar o usuário do serviço de saúde metal e seus acompanhantes sobre o uso racional de medicamentos, a importância do tratamento contínuo e reações adversas.

Resultados

Com o serviço de assistência Farmacêutica no CAPS I, observamos que os usuários do serviço podem ter melhor qualidade de vida, aderindo à terapia de maneira segura, contribuindo para a diminuição de medicamentos psicotrópicos, a partir do uso racional. Outro resultado satisfatório é à redução de custos com internações causadas por intoxicações medicamentosas e por problemas decorrentes da não adesão ao tratamento o que se pode observar com ausência de internações com esse CID a partir da implantação da Assistência Farmacêutica no CAPS I.” Importante destacar a execução do fluxo após o treinamento, observa-se maior organização e conhecimento acerca de cada usuário, o medicamento que faz uso e o motivo além da compreensão que o usuário do serviço de saúde mental é do SUS e não apenas do CAPS, sendo de responsabilidade de todos o cuidado. Com a execução do fluxo foi possível atender, até o momento, cerca de 620 usuários, sendo o impacto na redução da intervenção medicamentosa em 8% (em 5 meses de trabalho) e fazendo uso racional com base na assistência dada pela farmacêutica , cerca de 38%.

Conclusões

Com a execução da proposta observa-se que viabilidade se sustenta na estrutura física e econômica do município no que se refere a assistência farmacêutica. Atualmente o município dispõe de uma CAF – Central de Assistência Farmacêutica, de farmácia básica em todas as USF – Unidade de Saúde da família, atualizando na zona rural e urbana além de uma farmácia de médio porte no Hospital e CAPS. Essa estrutura favorece na organização e controle de fluxos sistemáticos para a dispensação de medicamentos. Em destaque a estrutura do CAPS, que foi o local escolhido para a intervenção, que apresenta deficiências estruturais, com projetos de ampliação em andamentos. No aspecto econômico, a gestão municipal investe um alto volume de recursos próprios, pois os recursos estaduais e federais não são suficientes para manutenção do tratamento dos usuários do serviço de saúde mental Com isso é possível observar que os resultados a médio prazo apresentam perspectiva de mudanças no que tange a proposta de saúde mental que vai para além de intervenções medicamentosas podendo ampliar a experiência para demais serviços além de profissionais aptos a intervir de forma sistemática e qualitativa na esfera do uso racional de medicamentos.