Este trabalho busca explanar sobre a importância do acompanhamento grupal de crianças autistas, pois observa-se que normalmente as crianças são acompanhadas de forma individualizada e continua, contudo, percebeu-se a necessidade de inserir novas estratégias de trabalho que permitisse trabalhar de forma grupal, após muita discussão da equipe, percebeu-se que o treinamento funcional poderia contribuir para auxiliar a coordenação motora e permitir que as crianças tivessem uma rotina durante o processo, pois exigia uma concentração, controle do corpo, melhora a flexibilidade e o sistema respiratório. Atualmente o número de crianças com o diagnostico de autismo, tem crescido de forma exacerbada, o que torna-se um desafio buscar métodos de intervenções que possam melhorar a qualidade de vida desses pacientes e suas famílias. Segundo a Associação dos Amigos do Autista (AMA, 2014), o transtorno do espectro autista é considerada uma síndrome de origem desconhecida, que abrange 0,6% da população brasileira, tendo uma incidência maior em meninos. Conforme o DSMV (2013), o autismo trata-se de um transtorno invasivo do desenvolvimento marcado por prejuízo severo em diversas áreas do desenvolvimento, principalmente nas habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação, linguagem, ou presença de comportamento, interesses e atividades estereotipados. Dessa forma, essa intervenção grupal tem sido de extrema relevância social para as crianças autistas e suas famílias.
Esse trabalho tem como objetivo principal demonstrar a importância da educação física no grupo de crianças autistas, é extremamente relevante, pois a prática de atividade física deve ser iniciada já na infância, considerando as condições relativas aos estágios do desenvolvimento infantil, dessa forma, a intervenção utilizando os treinos funcionais que contribuem para uma melhor qualidade de vida e uma busca de autonomia dessas crianças. Na opinião de Lima (1980) conforme o crescimento e o contato entre as crianças, as mesmas percebem as contradições, as facilidades e as dificuldades de cada uma, percebendo sua própria individualidade, diante das atividades encontram estratégias de como superar seus próprios limites, na busca de um equilíbrio. O treino funcional contribui que ocorra uma dinâmica lúdica com o objetivo de desenvolver as capacidades físicas das crianças, permitindo o fortalecimento e melhorando os movimentos e a interação das crianças.
O trabalho é realizado uma vez por semana, todas as segundas das 14:00 às 15:00 horas no Multicentro Pediátrico, com a educadora física do programa viver bem e a fisioterapeuta, usando técnicas do treinamento funcional que podem contribuir com o desenvolvimento infantil, que buscam realizar atividades que melhorassem a motricidade, a interação social, comunicação e adaptação conforme a faixa etária da criança. O treino funcional estimula que as crianças autistas através de exercícios de corrida, saltos, agilidade, velocidade, coordenação, força e equilíbrio, além de jogos competitivos e cooperativos. Utilizou o ginásio de fisioterapia como orientação da educadora física e da fisioterapeuta, os grupos foram formados conforme necessidade percebida pelo neuropediatra, equipe de psicologia e fisioterapia. O grupo é composto com quatro crianças de 03 a 06 anos, com o diagnostico de Autismo, que apresentem dificuldade na motricidade e dificuldade na interação, é importante ressaltar que o treino funcional foi era aplicado inicialmente na fisioterapia, como ferramenta de reabilitação, auxiliando na recuperação de pacientes com algum tipo de limitação. Logo depois, tornou-se um método popular entre atletas ou pessoas que buscavam ganhar força, resistência, condicionamento físico e saúde.
O trabalho foi realizado durante seis meses, cada mês realizou – se várias atividades que poderiam contribuir com o desenvolvimento infantil, a fisioterapeuta juntamente com educadora física buscaram realizar atividades que melhorassem a motricidade da criança conforme a faixa etária, a cada encontro era utilizado um novo desafio. Utilizaram cama elástica, passaram por tuneis com bambolê, obstáculos para que a criança passasse por baixo ou por cima, trabalhou lateralidade (direita e esquerda), trabalho o equilíbrio, através da musica trabalhou organização tempo, no espaço, lateralidade. Os pais relatam que as crianças passaram a ter uma melhor interação com outras crianças, começaram falar mais com eles, diminuíram as crises de birra e de estereotipias, o sono melhorou, o nível de ansiedade diminuiu e também a rigidez no comportamento, conseguiram conviver melhor com ambientes que apresentavam um barulho maior, consequente não tiveram dificuldade com o retorno das aulas, o que deixou os pais muito surpresos. O resultado foi tão significativo, que até as mães que tinham resistência e não permitiram que seus filhos fossem trabalhados em grupos, começaram a buscar pela inserção desses nos grupos, sendo assim, a equipe multidisciplinar precisou ampliar o trabalho e formou mais grupos, atualmente o serviço conta com mais cinco grupos considerando a faixa etária.
Observa-se que o trabalho que está sendo realizado ocorreu mudanças significativas, como redução de comportamentos inadequados e repetitivos, diminuição da agressividade, melhora na interação social, consegue se adaptar melhor as regras e tempo de esperar sua vez. As crianças começaram a demonstrar autonomia, começaram a expressar suas opiniões sobre as atividades, o resultado foi tão significativo, que estamos buscando novas estratégias de intervenção baseado no trabalho que está sendo desenvolvido, sendo assim a equipe multidisciplinar precisou ampliar o trabalho e formou mais grupos, atualmente o serviço tem sessenta e cinco crianças inscritas nos grupos considerando a faixa etária. Percebe-se que a criança estão se adaptando melhor ao ambiente e permitindo a aproximação de outras crianças, já conseguem interagir e socializar mais com as outras crianças e com a equipe. Utilizou-se os grupos como ferramenta de trabalho, considerando a etiologia do autismo, que seria dificuldade de comunicação e a necessidade inclusão, pois o ser humano participa de diferentes grupos desde de seu nascimento.