O Município de Campo Formoso – Bahia, precisou refletir sobre os cuidados em saúde mental, pois com a pandemia do Covid – 19, ocorreu uma crescente demanda sobre transtorno mental leve e moderado, como ansiedade, depressão, sintomas fóbicos entre outros. Quando menciona-se ambulatório de saúde mental nos dias de hoje parece entoar um tema ultrapassado. De fato, pouco se ouve a respeito do trabalho desenvolvido nesses dispositivos. Pois quando se fala em Saúde Mental, pensar muito dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), da Estratégia de Saúde da Família (ESF), dos hospitais e de matriciamento. Mas, e os ambulatórios de saúde mental? O ambulatório Saúde Mental surgiu devido a grande quantidade de pessoas em sofrimento mental, mas que, no entanto, não pertenciam ao escopo dos casos graves e persistentes da clientela do CAPS, estes compunham a grande maioria e eram situações leves ou moderadas, que não tinham como ser tratada pela ESF, dessa forma, era urgente então reformular o trabalho proporcionando uma estrutura com uma equipe de psicologia e psiquiatria. Com esse novo equipamento foi possível inserir mais profissionais para uma clínica ampliada, prevendo que qualquer sujeito em sofrimento mental, independente do diagnóstico médico, faixa etária, sintoma, gênero e mesmo psicopatologia, seria acolhido no âmbito da saúde mental. Atualmente conta com 02 psiquiatras semanais e 05 psicólogos com 40 horas.
Ampliar a rede assistencial em Saúde Mental no Município de Campo Formoso -Bahia, proporcionando que qualquer sujeito em sofrimento mental, independente do diagnóstico médico, faixa etária, sintoma, gênero e mesmo psicopatologia, seja acolhido no âmbito da saúde mental.
O ambulatório de Saúde Mental encontra-se inserido no Centro Avançado de Atendimento (CAE), trabalha-se com psicoterapia breve, todos os profissionais de psicologia utilizam a Terapia Comportamental – Cognitiva (TCC), pois consiste numa abordagem breve de atendimento por natureza, mas que ainda se mantém interessada na busca de intervenções cada vez mais breves e eficazes, considerando que a maioria das demandas são depressão, ansiedade e sintomas fóbicos. Assim, a TCC visa através de procedimentos sistemáticos buscar o reconhecimento dos pensamentos disfuncionais, para posteriormente contrastar com seu modo de vida, isto é, procura alterar o sistema das crenças disfuncionais que se encontram subjacentes a essas interpretações. O ambulatório surge como um parceiro do CAPS e da Estratégia de Saúde da Família, pois acolhe uma demanda intermediaria possibilitando uma equipe especializada, além disso, ajudando a articular as redes socioassistencial. O ambulatório realiza tanto atendimentos individuais quanto atendimentos grupais. É importante salientar que antes do indivíduo ser inserido no grupo é verificado a demanda de cada paciente, faixa etária, discutido com a equipe cada caso. Somente após a equipe percebe quem pode e quem não pode ser inserido em grupos, que esses são formados. Quando inseridos, realiza-se o contrato de sigilo entre os membros, buscando a confiabilidade e o vínculos entre os participantes, cada grupo contou com no máximo de 05 pessoas.
A função do ambulatório de saúde mental consiste em se posicionar como um lugar secundário na rede, oferecendo tratamento psicoterápico e psiquiátrico para quem se encontra em situação de sofrimento psíquico, levando em conta, o viés clínico. Atualmente a demanda do Ambulatório tem crescido principalmente com o público infanto juvenil. O acesso, acolhimento e acompanhamento, perpassam o cotidiano de diferentes serviços. O usuário é acolhido e direcionado conforme a suspeita diagnóstica, considerando o risco psicossocial causados pelo grau de sofrimento psíquico, que promovem um prejuízo na vida cotidiana, rede de apoio e necessidade de frequente acompanhamento, podem ser consideradas mais pertinentes do que apenas a estrutura psíquica ou psicopatologia. O Ambulatório conseguiu resultados significativos, muito dos usuários que foram atendidos retomam a sua vida normal, sem precisar passar por um tratamento intensivo. No ambulatório de saúde mental, foi possível desenvolver uma clínica ampliada cuja direção inclui o sujeito no centro do cuidado. Consideramos nesse sentido a subjetividade daquele que adoece e sofre sob um viés potencializador de seu repertório simbólico e de crenças, fazendo-o no contexto da clínica. Valorizou-se, o modo como o sujeito se apresenta, a relação que ele estabelece consigo mesmo e com o outro. O ambulatório de saúde mental, é a porta de entrada destinado ao acompanhamento no próprio serviço conta a psicoterapia, individual ou em grupo.
Através dos resultados obtidos, por mais que o trabalho no ambulatório hoje comporte o individual e/ou grupal com de usuários, grupos de crianças, adolescentes, pais e responsáveis por crianças e adolescentes, reuniões de equipe, grupos de recepção (sala de espera), grupos de apoio/suporte/reflexão, a especificidade do ambulatório consiste, de fato, em um trabalho de escuta e fala continuada, com perspectiva de alta e conduzido pelo especialista. O ambulatório justifica-se sua potencialidade na dinâmica de um trabalho que requer tempo e que se destina a uma determinada clientela intermediária à ESF e ao CAPS, porém nem sempre excludentes a eles, na medida em que alguns pacientes podem ser acompanhados pela ESF e, concomitantemente, realizar psicoterapia no ambulatório, bem como outros podem estar referidos ao CAPS e também utilizar o ambulatório. Desse modo, não temos o intuito de afirmar que o ambulatório desempenha uma clínica específica, mas que desempenha uma clínica que interessa à rede e que por isso tem nela um lugar legítimo do qual não se pode prescindir se o que é almejado, em última instância, é potencializar sujeitos. O ambulatório de saúde mental deve ser visto como de grande relevância para a saúde pública.