O município de Itabuna-Ba possui 04 unidades especializadas de saúde mental, (03 Centros de Atenção Psicossocial) e 1 Ambulatório Psicossocial. Dispõe ainda de 33 unidades de saúde da família e 49 equipes de saúde da família. Os profissionais da atenção especializada em saúde mental percebem um distanciamento da pessoa com transtorno mental da estratégia de saúde da família, por relatos do mesmo, ou de seus familiares, sobre a dificuldade de acesso às unidades de saúde de seu território ou ausência de vínculo com essa equipe, resultando em ausência de orientações e informações, acessíveis na atenção primária, para resolutividades de problemas apresentados impactando na atenção integral à saúde desses indivíduos. Acredita-se que esse distanciamento pode estar relacionado com pouca habilidade dos profissionais da atenção primária para assistência em saúde a pessoa com transtorno mental no território, baixo conhecimento técnico destes, inexistência de atividades e programas para esse público dentro da atenção primária, estigma em relação a pessoas com transtorno mental, processo de trabalho na atenção primária e/ou distanciamento entre os serviços da atenção especializada em saúde mental e a atenção primária. Compreende-se a necessidade de ampliar a rede de proteção à pessoa com transtorno mental. Para tanto, tem-se utilizado da visita domiciliar como estratégia potente para construção e fortalecimento de vínculos no território.
Geral: Ampliar a rede proteção à pessoa com transtorno mental. Objetivos específicos: Estimular habilidades e competências nos profissionais da atenção primária para assistência em saúde a pessoa com transtorno mental no território Sensibilizar os profissionais da atenção primária a assistência à pessoas com transtorno mental de seu território Envolver os profissionais da atenção primária na elaboração de estratégias de cuidado à pessoa com transtorno mental Qualificar os profissionais da atenção primária para assistência em saúde mental Estimular a construção de vínculo entre as pessoas com Transtorno mental e a atenção primária Promover articulação de rede
As visitas domiciliares são planejadas previamente pelas unidades especializadas de saúde mental, para tanto, utilizam de alguns critérios elegendo os assistidos por: faltas ao serviço se apresentam resistência à terapêutica por solicitação médica quando há necessidade de avaliação do contexto doméstico, social ou territorial suspeita de violação de direitos relacionamento interpessoal familiar com fragilidade de vínculos ou recorrência de conflitos suspeita de uso incorreto de medicação necessidade de avaliar efeitos colaterais e resposta terapêutica falta de vínculos sociais e ociosidade denúncia sobre maus tratos ao paciente solicitação de internação do paciente pelo familiar risco de suicidio relatado pelo familiar solicitação da atenção primária e/ou por motivação judicial. Mediante eleição dos assistidos para a visita domiciliar, as unidades especializadas articulam com as estratégias de saúde da família do respectivo território, estimulando o contato e a construção do vínculo. São informados à equipe de saúde da família o dia e horário da visita domiciliar, com a finalidade de se organizarem internamente para uma visita domiciliar conjunta. Após a visita são elaboradas as estratégias de cuidado, as mesmas são acompanhadas pelo serviço especializado junto a unidade de saúde de referência.
A aproximação dos serviços tem proporcionado orientações mais assertivas aos profissionais da atenção primária, direcionando com mais eficácia os encaminhamentos, evitando a peregrinação e desgaste dos usuários com encaminhamentos equivocados, resultando por vezes em desistência dos mesmos da procura pelo serviço. Foi possível perceber também que essa prática tem estimulado o olhar para o cuidado a pessoas com transtorno mental, auxiliando os profissionais da atenção primária a identificar sinais e sintomas sugestivos de necessidades de cuidado em saúde mental, estimulado a procura dos profissionais pela atenção especializada quanto às orientações e condutas, aumentado a demanda dos profissionais pela busca de informações, aproximado equipes de saúde da família as pessoas com transtorno mental. Foi possível perceber também que os profissionais mais envolvidos foram os agentes comunitários de saúde, seguidos dos enfermeiros quanto à articulação para realização da visita. Quanto à participação nas visitas conjuntas percebeu-se somente a presença do agente comunitário de saúde.
Considerando a extensão territorial do município, o número de habitantes, sabe-se que ainda está muito além do ideal. São necessárias mais ações, investimentos, melhorias nos serviços, ajustes quanto aos processos de trabalho, adequação da estrutura física e de recursos humanos, sensibilização dos envolvidos quanto a importância da visita domiciliar conjunta, envolvendo os serviços especializados de saúde mental e as equipes de estratégia de saúde da família, dentre outras intervenções, para que de fato ela venha a acontecer com maior regularidade, proporcionando ao indivíduo com transtorno mental uma ampliação da sua rede de proteção, consolidando o cuidado à sua saúde mental. Vale ressaltar, que mesmo com limitações, essas ações vêm apresentando resultados relevantes que têm impactado de forma positiva no cuidado do indivíduo.