MEMÓRIA AFETIVA, DA PLACENTA A ÁRVORE DA VIDA: CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PARTO HUMANIZADO

Apresentação

Para a mulher, bem como sua família e pessoas próximas, o período grávido-puérperal é permeado por inúmeros sentimentos relacionados a amor, afeto, medo, ansiedade, curiosidade e demais sensações. A equipe de enfermagem, nesse contexto, está inserida desde a gestação ao nascimento, necessitando compreender e apoiar. Sobre o momento do Trabalho de Parto (TP), além da dor e medo natural do momento, a equipe de enfermagem deve ofertar um cuidado acolhedor e humanizado, a fim de demostrar que a mulher e acompanhantes estão seguros e apoiados. Neste momento são criadas as memórias afetivas, memórias estas que duraram por toda a vida, a árvore da vida, entre outras ações, ganha um destaque por eternizar a imagem da placenta. A placenta durante todo o período gravídico auxilia na nutrição e segurança do feto. Nesse sentido, a motivação para realização deste relato se deu pela equipe de enfermagem do Hospital Municipal de Sapeaçu (HMS) ao observar o aumento da procura por partos no HMS, fato que se deu pelo trabalho efetivo realizado, com acolhimento e humanização, criando memórias afetivas para as mulheres através da árvore da vida e demais ações realizadas. Diante disso, surge a seguinte indagação: como acontece a eternização da imagem da placenta pós o parto? E como a enfermagem pode contribuir para que a mulher compreenda este momento como uma memória afetiva?

Objetivos

Relatar a experiência sobre a confecção da árvore da vida através das placentas no Hospital Municipal de Sapeaçu.

Metodologia

Trata-se de um relato de experiência, realizado a partir de abril de 2022, com relatos até os dias atuais (maio de 2023), o qual descreve a experiência do cuidado humanizado na RAMI no município de Sapeaçu. O estudo contempla equipe de enfermagem, gestantes e acompanhantes. Inicialmente foi solicitado, a Secretaria Municipal de Saúde, aquisição de baldes com tampa, para armazenamento das placentas no pós-parto e tinta guache colorida. Paralelo a isto a enfermeira obstetra confeccionou um impresso com identificação da mulher, equipe que acompanhou o parto e familiar/acompanhante presentes. Para esta ação se tornar efetiva, foi realizado capacitação com a equipe de enfermagem, afim de que nos feriados e finais de semana esta prática se mantivesse. Após esse momento, foi iniciado as confecções das árvores da vida. No período clínico de parto, dequitação, que finaliza com a saída da placenta, a mesma é armazenada em um balde com tampa até a finalização do TP, onde é ofertado cuidados ao binômio e encaminhados ao alojamento conjunto. Em sequência, a placenta é colocada em superfície plana e revisada, logo dar-se início a confecção da árvore da vida, a mesma é pintada com tinta guache em sua face fetal e utilizado o impresso padrão para carimbar a imagem. No momento da alta, as puérperas recebem esta imagem, após explicação do que significa a placenta, fortalecendo ainda mais a memória afetiva, tornando-se visível a satisfação e emoção da puérpera.

Resultados

Como resultados, foi analisado que a partir da confecção e entrega da árvore da vida, imagem da placenta eternizada no impresso, as mulheres se emocionam e demonstram satisfação por ter tido o parto no Hospital Municipal de Sapeaçu. Vale destacar que além da árvore da vida é entregue o certificado de nascimento, o qual utiliza a impressão plantar do RN e a pulseira de identificação. Foi percebido ainda, que as gestantes do município passaram a buscar de forma efetiva o serviço do HMS, a partir da garantia de uma assistência acolhedora e humanizada. Nesse sentido, nota-se que ocorreu o aumento de adesão dos partos no HMS, onde consegue-se atingir aproximadamente 93% dos partos das munícipes no hospital local. Sendo assim, vale destacar que em média 7% das gestantes de alta risco realizam o parto nas maternidades de referência com toda segurança de logística do transporte. Foi observado também que gestantes de municípios circunvizinhos buscam o HMS para realizar o parto e internamento, justamente pela repercussão positiva de parto seguro, respeitoso, humanizado e com utilização dos métodos não farmacológicos para alívio da dor ofertado/compartilhado, realizado no HMS.

Conclusões

Nesse sentido, torna-se evidente a importância da confecção da árvore da vida, e demais ações citadas, como ferramenta de criação de memória afetiva, pautada no cuidado humanizado e acolhedor. Uma vez que essa simbologia originada da placenta humana, estabelece uma experiência única de eternizar este instante tão significativo em suas vidas, representando a vitalidade, força e capacidade para vencer os desafios. Além de entender que compartilhando as experiências exitosas, outros municípios podem desenvolver e fortalecer a assistência ao parto no Sistema Único de Saúde (SUS).