A ansiedade tem se tornado problema de saúde pública, principalmente após a pandemia de COVID-19, onde houve aumento de demandas para assistência psiquiátrica e psicológica, superlotando, de forma desordenada, os serviços de referência. Nesse contexto, a Estratégia de Saúde da Família – ESF apresenta-se como uma potência para acolhimento, estratificação e acompanhamento dos casos leves de ansiedade, evitando, desse modo, encaminhamentos desnecessários para serviços de referência como o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, que assiste, essencialmente, transtornos graves e persistentes, mas possuem demandas que deveriam estar sendo acompanhadas na ESF. Nesse contexto, uma unidade de saúde da família do município de Itajuípe-BA, implantou no serviço um grupo de convivência para apoio emocional a pessoas com sintomas de transtornos da ansiedade e conta com a participação de multiprofissionais, incluindo os do Núcleo Ampliado de Saúde da Família – NASF, que desenvolvem oficinas para promover qualidade de vida aos participantes. Por meio do grupo, os pacientes são estratificados e apenas aqueles com sinais graves e persistentes são encaminhados às referências e os com sintomas leves passam a ser cuidados pela ESF.
Geral: Qualificar o cuidado que é direcionado aos pacientes com ansiedade na ESF Específicos: 1 – Estratificar pacientes com transtornos de ansiedade para encaminhamento adequado aos serviços de referência como o CAPS 2 – Promover ações multiprofissionais de saúde aos clientes com sintomas de ansiedade na ESF 3 – Fortalecer vínculos entre usuários e equipe da Estratégia de Saúde da Família
O grupo de apoio a pessoas com ansiedade deu-se início em fevereiro de 2023. As agentes comunitárias de saúde da Unidade de Saúde da Família – USF do distrito Bandeira do Almada fizeram uma busca no território daqueles usuários com sintomas de ansiedade. Após o levantamento, foi agendado o primeiro encontro para apresentação do projeto, cadastro e estratificação dos pacientes pelo enfermeiro da equipe. Os usuários com sinais graves do transtorno foram direcionados para avaliação pelos serviços de referência e aqueles com sinais leves foram vinculados à ESF para acompanhamento médico e de enfermagem. Nesse ato, foram cadastrados 20 pacientes. Desse total, apenas 7 encaixavam-se nos critérios clínicos para encaminhamento a serviços de referência e 1 já estava sendo assistido pelo CAPS. Em seguida, as datas dos encontros e os temas foram programados para seis meses. Todos os pacientes cadastrados participam do grupo. As oficinas de convivência e apoio emocional acontecem todas as sextas-feiras pela tarde e um profissional da rede assume a atividade. Uma lista de presença é assinada em todos os encontros para que a equipe saiba quem está participando e para que as ACS façam a busca dos faltosos.
O grupo é composto, em sua maioria, por idosos que moram sozinhos. Para muitos desses, o encontro representa um momento de distração e terapia. Ao final de cada encontro, o profissional permite que os participantes externalizem suas emoções quanto à oficina realizada naquele momento. Há relatos de melhora dos sintomas de ansiedade e do bem-estar dos pacientes após a participação no grupo. São encaminhados para os serviços de referência apenas aqueles com sintomas graves e persistentes, o que evita a superlotação nas referências por demandas que são da ESF.
A criação de grupos de convivência tem o potencial de sanar problemas e sintomas de ansiedade que poderiam ter como única alternativa de cura a medicalização. Além disso, o grupo de convivência permite um maior contato com os usuários e possibilita compreender fatores internos e externos do processo do adoecimento mental. Contribui também para o fortalecimento de vínculo e a formação de novos laços sociais. Outro problema que pode ser amenizado por meio do grupo é a ociosidade de muitos usuários, principalmente, idosos, que possuem poucas alternativas para hábitos de vida saudáveis. A estratificação possibilita melhor organização dos serviços e dinâmica adequada de encaminhamentos para referências, além de fortalecer a relação do paciente quanto a busca por serviços na ESF, que é a porta de entrada e ordenadora do cuidado na rede.