APOIO INSTITUCIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA: A EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE NOVA SOURE-BA

Apresentação

Um dos grandes desafios para a consolidação da Estratégia de Saúde da Família como modelo reorganizador da Atenção Primária, é a coparticipação das equipes da ESF no processo de gestão, com a finalidade de ampliar a capacidade de análise e intervenções de saúde em seus respectivos territórios. O apoio institucional (AI) é uma função, ou metodologia que propõe a aproximação da coordenação/gestão com as equipes que desenvolvem as práticas de saúde, em busca de implementar a gestão participativa. Dessa forma, o apoiador institucional, representado na figura de supervisor, colabora no processo de coordenação, planejamento, supervisão e avaliação do trabalho das equipes, de forma democrática, participativa, pedagógica e interativa, contribuindo para melhoria da qualidade da gestão e consequentemente dos serviços de saúde. O Apoiador institucional tem como um de seus objetivos superar a supervisão pautada somente no controle e fiscalização, mas também, e principalmente, estabelecer um modelo democrático e participativo, passando a incluir além das atividades de controle e fiscalização , ações de cunho educativo, valorizando a inter-relação entre supervisor e supervisionados. Como ferramenta de suporte à coordenação, a prática do apoio institucional se torna um instrumento valioso de gerência, o qual pode influenciar na mudança e melhoria das ações de saúde dos profissionais inseridos na Atenção Básica.

Objetivos

O presente estudo teve como objetivo avaliar o processo experiencial da participação do apoiador institucional na gestão da Atenção Básica, tomando como análise a percepção do enfermeiro coordenador de equipe de ESF, frente ao trabalho realizado pelo apoiador/supervisor, e a avaliação dos resultados de suas intervenções junto às equipes a partir da comparação dos resultados de desempenho do Previne Brasil após sua participação.

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo de natureza qualitativa, que aborda o processo de utilização do apoio institucional para o gerenciamento e acompanhamento das ações e serviços desenvolvidos pelas equipes de estratégia de saúde da família (e- ESF) da Atenção Básica do município de Nova Soure, BA. Para a realização deste trabalho foi feito a aplicação de questionário estruturado aos enfermeiros que compõe as equipes de saúde da ESF, o qual abordava a percepção dos profissionais, frente ao trabalho exercido pelo apoiador institucional em suas respectivas Unidades Básica de Saúde (UBS). Além da comparação e análise quantitativa dos resultados de desempenho do Previne Brasil antes e após a introdução do apoiador institucional às equipes . O município de Nova Soure está localizado no nordeste baiano a 246 quilômetros da capital, Salvador, sua área é de 966, 933 km². Segundo dados do IBGE, a população estimada no senso de 2021 é de 27.047 mil habitantes. A rede de Atenção Básica é composta por 11 equipes da ESF, 09 UBS e 08 postos satélite vinculados a UBS. Destas, 05 UBS estão situadas na zona rural e 04 na zona urbana. Todas possuem equipe de saúde bucal tipo I, perfazendo 100% de cobertura da população. Dispõe ainda de uma equipe multiprofissional, que serve de apoio às ESF, contando com profissionais de diversas áreas de conhecimento.

Resultados

A gestão da Atenção Básica do município de Nova Soure, optou por utilizar o AI, na figura do supervisor, por verificar dificuldades das equipes da ESF na implementação de estratégias para o desenvolvimento de ações de saúde, e consequentemente menor alcance de resultados, no que se refere à cobertura de atendimentos à pacientes hipertensos, diabéticos e captação de gestantes precocemente. Considerando à demanda burocrática do coordenador da Atenção Básica, o que demanda tempo, implicando na centralização do processo de gestão e distanciamento das UBS, o AI surgiu com a proposta de aproximar às equipes do gerenciamento e como ferramenta para identificar suas potencialidades e dificuldades, proporcionando assim, maior participação no processo de decisões que repercutem diretamente nas estratégias implementadas em seus territórios, viabilizando ações para prestação de serviços com qualidade e resolutividade. A participação do supervisor se dá através de visitas programadas e não programadas, ao menos 01 vez ao mês, em que acontece o planejamento e a elaboração de planos de ação de forma ascendente e participativa, visando melhorar a estrutura, o processo e resultado do trabalho das equipes. A decisão da gestão em implementar o AI encontra respaldo na literatura científica, na qual é possível identificar aplicações de sucesso no setor de saúde, sobretudo no que se refere às práticas de educação permanente e à reformulação da gestão.

Conclusões

Através da análise das respostas dos questionários aplicados, pode-se perceber que o apoiador institucional/supervisor trouxe grandes ganhos para as equipes de ESF. Por unanimidade, afirmaram que o trabalho do supervisor possibilitou melhor desenvolvimento das práticas em saúde de suas respectivas unidades, sentiram-se mais participativos no processo de gestão, além de melhorar os números em relação à cobertura de assistência à pacientes hipertensos e diabéticos, este, constatado através da elevação dos números relacionado aos indicadores do Previne Brasil, após a inserção do apoiador junto às equipes de saúde.