O ACOLHIMENTO COMO PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA: AMPLIANDO CUIDADO E PROMOVENDO EQUIDADE.

Apresentação

Uma unidade de saúde tem demandas assistenciais infinitas e nem sempre sua forma de organizar o processo de trabalho consegue impactar na melhoria das condições de saúde de uma população, porém existe a possibilidade de de reorganizar seu processo de trabalho a partir da utilização do acolhimento a demanda espontânea, analisando singularmente cada usuário, suas necessidades, prioridades, realizando classificação de risco, diminuindo dessa maneira as filas por ordem de chegada e esperas desnecessárias dos usuários. A Unidade de Saúde da Família do Entroncamento de Dias D’Ávila, Bahia, vem utilizando o acolhimento como norteador do processo de trabalho, sendo esta ferramenta de caráter fundamental para a criação de vínculo entre o profissional de saúde e o usuário, garantindo equidade e ampliado o acesso dos usuários.

Objetivos

Defender a utilização do acolhimento como proposta de organização assistencial Demonstrar o impacto do acolhimento enquanto norteador assistencial, na redução das barreiras e na ampliação do acesso dos usuários as ofertas da USF Demonstrar como promover equidade no acesso ao classificar o risco e vulnerabilidade dos usuários pode delinear um cuidado mais efetivo dos mesmos.

Metodologia

A Unidade de Saúde da Família do Entroncamento já utilizava o acolhimento como prática assistencial desde 2014, porém mais restrito as demandas agudas, logo, as marcações de consultas ainda aconteciam na recepção com algumas barreiras de acesso ditadas pelas demandas pessoais de alguns servidores, dessa maneira por mais vagas que fossem ofertadas, nunca as mesmas refletiam nas necessidades de saúde da população. Constantemente casos de pacientes de áreas mais distantes que não conseguiam vagas, crianças acometidas de doenças por falta de acompanhamento, por não ter a garantia do seu retorno atendido, devido à agenda sempre lotada, por demandas não distribuídas pelo risco, vulnerabilidade e necessidade de acompanhamento. Após a pandemia, com retorno da normalidade dos atendimentos, a equipe em reunião, decidiu incorporar o agendamento de consultas ao acolhimento já existente, e até o momento o fluxo de atendimento da unidade é norteado pelo acolhimento, principalmente aos usuários com demandas não programadas. Logo, o acolhimento, tornou-se o norteador do acesso às ofertas, principalmente no que diz respeito às consultas, retirando o agendamento da recepção e o mesmo ocorrendo após uma escuta qualificada e aferição de dados vitais, quando necessário.

Resultados

Percebeu-se após a reorganização da assistência e da incorporação do acolhimento como norteador da entrada dos usuários as ofertas assistenciais: uma ampliação significativa do acesso principalmente dos usuários que residem mais distantes, agendamentos de consultas em tempo hábil de acordo com o risco e vulnerabilidade, quando não há a necessidade do paciente ser atendido no mesmo dia captação precoce de gestantes diagnóstico precoce de doenças infecto contagiosas manutenção do acompanhamento das consultas de cuidado continuado captação de pacientes elegíveis para indicadores do Previne Brasil.

Conclusões

As demandas assistenciais das unidades de saúde da família são inúmeras e de várias naturezas, constituindo-se um grande desafio para as equipes ter uma agenda que consiga refletir às necessidades que emergem da comunidade. O que mais se encontram são agendas lotadas, pouco espaço de escuta, impossibilidade de atender demandas urgentes, acompanhamentos ineficazes. Utilizar o acolhimento como proposta de organização da assistência tem demonstrado um impacto satisfatório na melhoria dessas questões e refletindo numa resposta mais equânime as questões de saúde da população e consequentemente numa qualificação da assistência, refletindo nos indicadores do Previne Brasil.