A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) pode ser classificada com uma polineuropatia aguda, desmielinizante e inflamatória de caráter autoimune, podendo ser desencadeada por uma infecção viral ou bacteriana. Considerada uma emergência neurológica, a incidência da SGB costuma ser de 1-2 casos para cada 100.000 habitantes/ano, podendo, ainda, esse número aumentar em relação aos fatores da idade e sexo, sendo predominante entre 20-40 anos e a população masculina a mais afetada. (TAVERES et al., 2000 RAJABALLY, UNCINI, 2012) Caracteriza-se por uma desmielinização principalmente dos nervos motores, podendo também afetar os nervos sensitivos, ocorrendo um comprometimento periférico ascendente, progressivo e simétrico (MORAES et al., 2015). Conforme Wakerley e Yuki (2013 apud Antunes, Palácio e Bertolini, 2015) 60% dos pacientes com SGB apresentam paresia e fadiga muscular, no entanto, essa patologia pode ser amenizada com programas de fortalecimento muscular, exercícios funcionais e aeróbicos. Dessa forma, a atenção fisioterapêutica ao sujeito portador de Síndrome de Guillain-Barré, baseado no modelo assistencial de saúde vigente no Brasil (SUS), visa acelerar o processo de recuperação, maximizando as funções, a fim de reduzir complicações de déficits neurológicos residuais.
Relatar o caso de uma paciente acometida pela Síndrome de Guillain-Barré no município de Pindaí-BAHIA e os efeitos da reabilitação fisioterapêutica, descrevendo o tratamento e as intervenções realizadas.
O presente estudo trata-se de um relato de caso realizado no ambulatório de fisioterapia na cidade de Pindaí-BA. Paciente L.M.S, sexo feminino, 49 anos, natural de Pindaí-BA, doméstica, etilista, história pregressa de Chikungunya, evoluiu com queixa de fraqueza ascendente e parestesia de extremidades, apresentando déficit motor em membros inferiores e superiores com predomínio em lado esquerdo, associado a astenia e mialgia. Ficou internada por quinze dias, recebendo posteriormente o diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré. Procurou a fisioterapia em Julho de 2021 e na avaliação física apresentou diminuição de força muscular em membros superiores e inferiores, diminuição da amplitude de movimento nos quatros membros falta de coordenação motora hipotrofia muscular generalizada, déficit de equilíbrio, marcha com auxílio e dificuldade para realização de atividades de vida diárias. Foram utilizados como conduta: alongamentos globais, fortalecimento de paravertebrais, abdominais, fortalecimento muscular com carga, (utilizando: caneleiras, bolas, halteres, faixas elásticas) treino de equilíbrio, treino de marcha, e exercícios para melhora da função (subir e descer escada e rampa, bicicleta ergométrica, agachamento, treino de marcha com obstáculo, treino de sentar e levantar, posturas de ajoelhado pra semi-ajoelhado, bem como o uso da estimulação elétrica.
Ao final do tratamento, a paciente conseguia deambular sem auxílio, adquiriu ganho de amplitude e força em membros superiores e inferiores, melhorou a coordenação motora e o equilíbrio, apresentando autonomia para executar suas atividades de vida diária, tendo uma boa resposta no tratamento fisioterapêutico.
De acordo com os resultados obtidos, permite-se concluir que a fisioterapia é de fundamental importância por promover mudanças na saúde dos portadores da síndrome de Guillan-Barré, pois visa acelerar o processo de recuperação, maximizando as funções, a fim de reduzir complicações de déficits neurológicos residuais, favorecendo o retorno de suas atividades. Nesse contexto, cabe salientar, que a inserção do profissional fisioterapeuta junto à equipe de saúde da família surge como mais uma oportunidade para que este desenvolva suas habilidades não só com a reabilitação, mas no âmbito de prevenção e promoção de saúde, oferecendo ao paciente uma melhora da sua qualidade de vida.