A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM) fazem parte do escopo de doenças crônicas, consideradas relevantes problemas de saúde pública por impactarem nas taxas de morbimortalidade, além de corroborar para um aumento da demanda nas unidades de urgência e emergência, tempo de hospitalização e elevação do custo da assistência. A Atenção Primária a saúde (APS) é a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da saúde instituiu o programa de Hipertensão e Diabetes para reorganização dos fluxos na Estratégia de Saúde da Família (ESF). O município de Dias d’Ávila, localizado na Bahia, com a população estimada em 83.705 pessoas (IBGE, 2021), conta-se com uma rede de unidades para atendimento de baixa, média e alta complexidade, sendo: Hospitalar Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Unidades de Saúde da Família. Foi percebida demanda significativa na UPA de pacientes com níveis pressóricos e ou glicêmicos descompensados, aumentado a probabilidade de complicações, despertando o interesse em quantificar os atendimentos para essa demanda, elaborou-se uma estratégia de comunicação através de uma planilha com compilação de dados, para fomentar e incentivar o dialogo entre os serviços de saúde. Esse estudo é relevante para o município onde visa articular as práticas de atendimento aos usuários do SUS com fomento da APS na realização de ações para: promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e controle da HAS e DM.
Relatar a experiência vivenciada de comunicação entre os serviços de saúde Articular estratégia de busca ativa dos pacientes com HAS e DM descompensadas Monitorar a efetividade dos atendimentos dos pacientes que fazem parte do programa nas unidades de saúde da família Garantir assistência a saúde na rede básica Prevenir complicações de doenças secundárias a patologia de base.
Trata-se de um relato de experiência descritivo, tendo como característica a coleta de dados de pacientes com HAS e DM descompensadas atendidos na urgência e emergência, criando um vínculo com atenção primária a saúde através de uma planilha descritiva, possibilitando a busca ativa dos casos. Para elaboração do projeto foi realizado reunião com a gerência de Atenção a Saúde e Rede de Média Alta Complexidade, para definir o instrumento de comunicação e o fluxo de mapeamento destes pacientes. O presente estudo deu inicio em setembro de dois mil e vinte e um, onde foi determinado o formato da planilha contendo os seguintes dados: data do atendimento, nome completo do paciente, queixa principal, data de nascimento, endereço, unidade de saúde da família que faz acompanhamento, telefone e patologia. A compilação dos dados são enviados para a atenção básica a cada quinze dias, onde os mesmos são responsáveis em entrar em contato com as equipes da atenção primária e solicitar busca ativa dos pacientes, ou captação dos pacientes não aderentes ao tratamento, e ou os usuários sem conhecimento prévio do diagnostico. A pesquisa foi organizada em fases: analítica, operacional e de relatório, com análise das planilhas, acompanhamento da incidência e retorno dos pacientes na unidade de emergência. Identificando as variáveis desejadas para construção dos indicadores estáveis a partir da avaliação de saúde com elaboração de um plano de trabalho para o fortalecimento da Assistência a Saúde.
Foram avaliados os dados dos atendimentos da UPA em dois trimestres, sendo o primeiro de 474 pacientes, desses 268 HAS, 100 DM e de associação das patologias 106. No segundo trimestre foram atendidos 213 pacientes, 101 HAS, 47 DM e ambas 65. Constatou-se também que há maior procura de atendimento de urgência para pacientes é em descompensação de níveis pressóricos, fornecendo subsidio para mais ações estratégicas na atenção básica voltadas para essa patologia. É importante destacar as variáveis do segundo trimestre que incluiu festejos de final de ano e períodos de menor procura dos serviços de saúde. A partir dos indicadores em saúde fornecidos pela planilha, foi possível observar que no mês de começo do projeto, que inicou em setembro de 2021, observou-se a demanda de 189 pacientes com HAS e/ou DM descompensadas atendidas na UPA, já em fevereiro de 2022, 93 pacientes atendidos com estas patologias. Assim nota-se efetividade no instrumento de estratégia da comunicação entre o atendimento hospitalar e atenção básica, provendo mapeamento, controle e análise da situação de saúde no município para doenças crônicas.
A presente experiência demonstrou ser exitosa e efetiva, pois percebeu-se redução significativa no número de atendimentos de urgência e emergência para HAS e DM, sendo possível avaliar de forma mais clara os indicadores em saúde para essas patologias e possibilitar uma ferramenta de gestão com maior assertividade para implantação de práticas de articulação e monitoramento. Fortalecendo a estratégia de contra-referência dos serviços de Média e Alta Complexidade para Atenção básica, conforme preconiza O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, das Redes de Atenção a Saúde. O instrumento criado fomenta a busca ativa e consolida vínculo do usuário com os serviços de saúde melhorando o acesso dos pacientes com doenças crônicas ao tratamento, diminuindo a probabilidade de doenças secundaria e em consequência a redução da taxa de morbimortalidade.