Desde o ano de 2019, o mundo tem buscado estratégias para enfrentar a pandemia de SARS- CoV-2 e suas consequências tanto nas dimensões biológicas, quanto nas sócio-econômicas cujos impactos se configuram como grande desafio para as políticas públicas globalmente. O aspecto clínico dos pacientes infectados por SARS-CoV-2 é muito variável, apresentando-se desde pacientes assintomáticos, passando por quadros leves até graves. Aproximadamente 80% dos casos são leves a moderados com cura espontânea. A frequência dos casos assintomáticos ainda é desconhecida.¹ Os sintomas mais frequentes são febre, tosse, fadiga, dispneia, dor de cabeça, astenia, mialgia. Observaram-se também sintomas gastrointestinais, manifestações neurológicas, além de manifestações cardíacas, como arritmias, e disfunção hepática. A dispneia, com gravidade variável, está presente na maioria dos pacientes que procuram assistência médica hospitalar.² Nesse contexto de múltiplas afetações da COVID-19, a Secretaria Municipal de Saúde de Pindaí, dentre outras ações estratégicas, implantou o serviço de fisioterapia nos três níveis de atenção à saúde. Desde a prevenção primária, ou seja, na transmissão/infecção da doença. Na prevenção secundária das sequelas da doença no cuidado hospitalar e na reabilitação ambulatorial.
– Apresentar as contribuições da fisioterapia no itinerário terapêutico dos pacientes com COVID -19, no município de Pindaí – BA
No contexto da pandemia de COVID -19, os atendimentos de fisioterapia são ofertados a partir da Atenção Básica à Saúde. Essa atuação se dá desde o trabalho integrado à equipe de Saúde da Família na identificação e monitoramento dos casos no território e comunicação com os demais pontos da rede de assistência à saúde – RAS. Como também no atendimento dos pacientes que apresentam quadros leves/ moderados e por isso não precisaram de hospitalização, mas percebem diminuição de suas capacidades funcionais (física e ou respiratória) no desempenho de suas atividades diárias. Na atenção hospitalar, junto aos cuidados médicos e de enfermagem e, associado ao tratamento medicamentoso e oxigenioterapia complementar. É oferecido também o atendimento de fisioterapia pneumofuncional aos pacientes internados, inclusive com suporte ventilatório não invasivo, por meio do uso de Capacete Helmet. E invasivo, nos casos dos pacientes com maior gravidade até a transferência para hospitais com Unidade de Terapia Intensiva. O atendimento pós- hospitalar é prestado no ambulatório e no domicílio para os pacientes que tiveram extenso comprometimento do parênquima pulmonar com efeitos deletérios na qualidade de vida e saúde e afetações neuromusculares, seja por consequência da COVID-19 seja pelo longo período de convalescença no leito hospitalar.
Dos 1.242 casos confirmados de COVID-19 no município de Pindaí, houve baixa necessidade de internação hospitalar e também de transferências para unidades de referência. Houve 18 óbitos. Atualmente estão zerados os números de infectados e hospitalizados. Na atenção básica, 100% dos infectados foram monitorados seja presencialmente, seja por contato telefônico. Desses, 1,9% precisaram de atendimento ambulatorial de fisioterapia. 100% dos pacientes internados no hospital municipal recebeu atendimento fisioterapêutico e na atenção pós-hospitalização, foram atendidos 9 pacientes, sendo 08 no ambulatório e 01 no domicílio, destes apenas a paciente domiciliar seque no programa, os demais tiveram alta com plena recuperação motora e pneumofuncional.
Diante do exposto, considera-se que tanto na integração das equipes de vigilância clínica quanto na atenção à saúde nas diversas etapas da doença COVID -19 foi possível a intervenção da fisioterapia em seu controle e tratamento. Culminando, como parte de um plano de trabalho interdiscilinar e multiprofissional, na baixa hospitalização e mortalidade pela doença no âmbito municipal, considerando a baixa densidade tecnológica da RAS local. Pode-se destacar ainda que dos 09 pacientes com quadros de moderados a graves beneficiados pela fisioterapia pneumofuncional, 08 tiveram êxito na reabilitação respiratória com retorno às suas atividades de vida diária e laborais e 01 continua no programa até sua recuperação. Para além disso, considerando que passada as fases iniciais da pandemia, mais críticas no que se referem aos elevados índices de transmissão e sobrecarga no sistema de saúde. É necessário implementar cada vez mais e com maior prioridade ofertas capazes de minimizar os efeitos da doença na saúde física e mental da população. No cenário pós-pandêmico a necessidade é e será reabilitar os sobreviventes para que possam ter qualidade de vida e se reintegrarem de forma produtiva, plena e digna à sociedade.