As inundações estão entre as ocorrências mais frequentes que atingem todas as regiões do País e têm impactos significativos sobre a saúde das pessoas e a infraestrutura de saúde. É, portanto, essencial que sejam desenvolvidas ações para a organização da atuação do setor saúde em emergências em saúde pública (ESP) por inundação. Quando ocorre um desastre natural, o setor saúde é fortemente solicitado, assim como sua capacidade de atendimento à população. Essa capacidade pode ser reduzida devido à destruição direta da infraestrutura ou aos impactos das edificações dos Hospitais, no fornecimento de serviço, como água, eletricidade e coleta de lixo, comprometendo o bom funcionamento dos serviços. Além dos impactos físicos, ocorrem impactos funcionais na atenção à saúde da população, pois, a demanda aumenta frente aos desastres. O cotidiano dos serviços de saúde é alterado, prejudicando o andamento dos serviços de rotina: programas de vacinação, o controle de doenças, como tuberculose, assim como programa de combate a doenças transmitidas por vetores como a dengue. Esses impactos podem durar horas e até anos. Nesta fase, é importante iniciar as ações de vigilância, controle e prevenção de doenças, assim, como a reabilitação dos serviços necessários à assistência à saúde, assim como manter os serviços de rotina essenciais
O objetivo principal desse trabalho é descrever a ação da Vigilância em Saúde Ambiental no monitoramento de pessoas atingidas por enchentes.
A Vigilância em Saúde Ambiental em articulação com a secretaria de Assistência Social e Atenção Básica, realizou mapeamento das pessoas que tiveram contato com água oriunda das enchentes em planilha de Excel. Essas pessoas eram identificadas pelo centro de referência em assistência social e uma lista com nome e contato era informada a Vigilância em Saúde Ambiental (VISAM). De posse da lista, a VISAM fazia a triagem e acompanhamento dos casos.
Das 77 pessoas que tiveram envolvimento direto com os eventos de desastre no município, 75 pessoas tiveram contato direto com a água ou sólidos oriundos das enchentes, 2 pessoas tiveram dores no corpo, febre e coriza, 4 pessoas tiveram coceiras espalhadas pelo corpo, 2 pessoas tiveram diarreia, dor no estômago e náusea, 2 pessoas tiveram dor de cabeça, 4 pessoas tiveram de dor de cabeça e coceira nos pés, 1 pessoa teve náusea, 1 pessoa teve suspeita de leptospirose (teste negativo), 59 pessoas não tiveram sintomas nenhum, 2 pessoas não tiveram contato direto com a água ou sólidos oriundos das enchentes. Foram orientados a procurar uma unidade de saúde mais próximo, acompanhados por telefone no período de 13/12/2021 a 26/01/2022.
Muitas das atividades a serem executadas durante a resposta a uma emergência em saúde pública por inundação competem a outras áreas e setores, daí a necessidade de articulação intra e interinstitucional para as responsabilidades e atuação integrada, no intuito de garantir a segurança e o bem-estar da população e dos profissionais que atuam na resposta ao desastre.