O Acolhimento Pedagógico implantado em 2021 no Estado da Bahia é um processo estruturante de Educação Permanente voltado aos trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF) e equipes multiprofissionais, a partir dos elementos pedagógicos que pautam a própria ESF, a Atenção Básica (AB) e o Sistema Único de Saúde (SUS). Com o objetivo de qualificar a atuação das equipes na Rede de Atenção à Saúde (RAS), e fazer cumprir o papel da Atenção Básica como ordenadora da rede e coordenadora do cuidado, o Acolhimento Pedagógico foi implementado em Dom Basílio-BA a partir de março de 2022, com todas as equipes da ESF e equipe multiprofissional, fomentando nos trabalhadores reflexões sobre seu processo de trabalho, o cuidado com os usuários e o fortalecimento da AB e do SUS.
Relatar a experiência da realização da primeira e segunda etapa do Acolhimento Pedagógico junto às equipes da ESF e equipe multiprofissional do município de Dom Basílio-BA.
Inicialmente, dois facilitadores indicados pela gestão municipal e mais cinco residentes em Saúde da Família do Permusf, foram capacitados para atuar como facilitadores. O Acolhimento Pedagógico proposto pela SESAB é realizado em três etapas, sendo a primeira e terceira etapa de interação pedagógica presencial com os facilitadores e a segunda etapa de interação com a equipe e o território, totalizando 80 horas. Em Dom Basílio-BA, a primeira etapa foi realizada em março de 2022, na qual participaram as cinco equipes da ESF e a equipe multiprofissional. Foram utilizados o manual do facilitador e o manual do trabalhador elaborados pela DAB/SESAB, sendo as atividades desenvolvidas através de metodologias ativas de aprendizagem, de forma dinâmica, participativa e colaborativa, articulando a teoria com a prática, as quais possibilitaram aos trabalhadores participar de foram ativa compartilhando reflexões sobre o processo de trabalho capazes de provocar modificações em si, nos colegas e também nos facilitadores. A segunda etapa, iniciada em abril, está em processo de finalização, na qual foram desenvolvidas atividades práxicas que serão apresentadas na terceira etapa já agendada com as equipes.
Na primeira e segunda etapa do Acolhimento Pedagógico houve participação expressiva dos trabalhadores, sendo capacitados 86 profissionais da ESF, 4 da equipe multiprofissional e 2 gestores. Apenas 2 dos 92 trabalhadores não participaram das atividades, por motivo justificável. A cada encontro foi realizada uma avaliação qualitativa, oral, com relatos positivos dos trabalhadores enfatizando a importância da qualificação profissional, da interação entre a equipe e com as outras equipes para o aprendizado e o fortalecimento da RAS, bem como a relevância da valorização dos trabalhadores pela gestão. As atividades proporcionaram o aprendizado/revisão de temas relacionados à saúde, ao SUS, AB e ESF a interação e troca de experiências entre os trabalhadores e destes com a gestão a sensibilização dos trabalhadores quanto ao cuidado integral e humanizado além de desenvolver nos facilitadores habilidades pedagógicas. Foram apontadas como dificuldades no processo de trabalho das equipes, ruídos na comunicação entre os setores, ausência ou desconhecimento de protocolos ou fluxos de alguns pontos da rede, indisponibilidade de alguns insumos, equipamentos e/ou medicamentos em determinados períodos, além de pouco comprometimento de alguns profissionais com o trabalho interferindo nas reações interpessoais.
As discussões realizadas nos encontros de interação pedagógica possibilitaram reflexões sobre a responsabilidade do profissional na condução do seu trabalho de forma técnica e ética a fim de contribuir para uma maior resolutividade na Atenção Básica, assim como a necessidade de valorização dos trabalhadores por parte da gestão. O Acolhimento Pedagógico também contribuiu para que equipes e gestores repensassem a forma de planejar e atuar, considerando as particularidades de cada território. Apesar das dificuldades e fragilidades apontadas, conclui-se que o AP, como dispositivo de Educação Permanente em Saúde, estimulou os trabalhadores a pensar de forma crítica, identificando e priorizando problemas, buscando possíveis soluções e planejando ações de forma articulada com outros pontos da rede e/ou de forma intersetorial. Um desafio a ser enfrentado é o monitoramento das equipes referente às mudanças no cotidiano do trabalho após o encerramento da capacitação. Soma-se a esse desafio, o de prosseguir com as atividades de Educação Permanente que qualifiquem os trabalhadores do município e fortaleçam cada vez mais a Atenção Básica.