O município de Dias D’ Ávila localizado na Bahia, com população estimada 83.705 pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No que diz respeito à Assistência a Saúde, a cidade dispõe de 19 estabelecimentos de saúde em sua Rede de Atenção Básica. Para atender a demanda da rede básica de saúde a gestão dispõe de uma equipe de Assistência Farmacêutica composta por auxiliares de farmácia, locados em unidades dispensadora de medicamentos e 03 farmacêuticos, sendo um coordenador. A Assistência Farmacêutica (AF) está regulamentada pela Constituição de 1988, preconizado como direito do cidadão a Assistência à Saúde, inclusive Farmacêutica (BRASIL, 1988). A Assistência Farmacêutica (AF) é definida como um grupo de atividades relacionadas com o medicamento, abastecimento, conservação e o controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica, o acompanhamento da utilização, a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente, assegurando o uso racional de medicamentos (BRASIL, 2002). O desenvolvimento organizacional, técnico e cientifico são fundamentais para uma perfeita condução da AF. Para isso, a presente experiência desenvolveu um formulário que forneceu subsidio para determinação de indicadores, gerando informações para o planejamento de ações na AF. Estes indicadores se dividiram em: Estrutura, Gestão de Estoque, Dados e Grau de Instrução do Responsável pela Dispensação.
Relatar a experiência vivenciada durante a realização de um processo de auditoria interna dentro das unidades dispensadoras de medicamentos da Rede de Atenção Básica Municipal, no intuito de promover a condução da Assistência Farmacêutica organizada e que atenda as necessidades específicas de cada serviço de saúde. Sendo assim, a experiência teve como objetivo a construção de indicadores para análise técnica do serviço e consequentemente a produção de um plano de trabalho dentro das não conformidades encontradas e possíveis melhorias no serviço. Com isso, fornecendo informação útil aos gestores e profissionais, contribuindo a tomada de decisão e aportando o valor ao processo da gestão, bem como garantir um acesso adequado a disponibilidade de medicamentos necessários nos serviços de saúde.
Trata-se de um relato de experiência descritivo, tendo como principal característica as variáveis de: Estrutura, Gestão de Estoque, Dados e Grau de Instrução do Responsável pela Dispensação. Para avaliar estas variáveis foram utilizados os indicadores do Manual de Assistência Farmacêutica para Gerentes Municipais, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).O presente estudo pesquisou as 16 Unidades de Saúde da Família (USF) que integram a Atenção Básica do município de Dias D’ Ávila. A auditória foi organizada em fases: analítica, operacional e de relatório, realizada pelo grupo de farmacêuticos do município, com visitas esporádicas as unidades dispensadoras, sendo executado o preenchimento de um ‘’checklist’’ no formulário de visita técnica. A abordagem inicial foi apenas observacional, a fim de identificar variáveis desejadas para construção dos indicadores estáveis, a partir da avaliação destes dados, elaboração de um plano de trabalho, com datas definidas para implementação, buscando o aprimoramento da Assistência Farmacêutica Básica.
A Assistência Farmacêutica consiste em um dos setores de maior impacto financeiro no âmbito das secretarias municipais de saúde, por isso a ausência de um gerenciamento efetivo pode acarretar grandes desperdícios (MSH, 1997). Dentre as unidades dispensadoras avaliadas 62,5% monitoram a validade de medicamentos, com relação ao controle de entradas e saídas, apenas 12,5% realizam este sistema de gestão. Para o indicador de estrutura das USF 62,5% possui umidade, as medidas de qualificação estrutural são fundamentais para a garantia da qualidade. No que diz respeito a higiene, 100% apresentaram ambiente limpo, prateleiras organizadas por ordem alfabética e armazenamento adequado. Para a AF gerar dados contribui tanto para a gestão do estoque quanto para análise do perfil farmacoterapêutico da região. Com isso, foi observado que os parâmetros com menores percentuais se concentram neste indicado, dentre as unidades 33% dispõe de percentual de prescrições não atendidas, nenhuma unidade dispõe de percentual de prescrições de antimicrobianos, hipertensão e diabetes, prescrição fora da denominação comum brasileira, número médio de medicamentos por prescrição. Em contrapartida, 100% das unidades possuem o número de prescrições atendidas por dia, fator relevante para programação de medicamentos. Com relação ao grau de instrução dos responsáveis pela dispensação observou-se que 50% possui curso profissionalizante em farmácia eou possuem experiência profissional na área.
Durante o processo de auditória foi possível identificar informações importantes para a execução do plano de ação, elaborado pelo grupo de farmacêuticos para o aprimoramento da Assistência Farmacêutica. Dentre ações estão treinamentos voltados para a qualificação da gestão de estoque, com o sistema Hórus, disponibilizado pelo Governo Federal para a gestão da AF. Inicialmente foi realizado um treinamento coletivo para ambientação e posteriormente agendamentos de treinamentos individuais para sanar possíveis dificuldades. Treinamento para orientar na dispensação de medicamentos em solução/suspensão, fortalecendo a prática da educação continuada e favorecendo a dispensação segura. Com relação a geração de dados foi desenvolvido planilhas para monitoramento de medicamentos faltosos, número médio de prescrições, número de prescrições de antimicrobianos, fornecendo informações para ações quanto ao uso racional de antibióticos. William Deming (1950), trás em sua teoria da qualidade que “Não se gerencia o que não se mede não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”, sendo assim, ter conhecimento de tais indicadores é imprescindível para tomada de decisões na gestão da AF.