Na abordagem da atenção primária à saúde no município, percebeu-se um grande número de mulheres diagnosticadas com Fibromialgia, cujo principal sintoma é a queixa álgica musculoesquelética, com solicitação para atendimento em fisioterapia. Isso despertou na equipe o desejo de aprofundar os estudos sobre a patologia, e a partir deles e dos atendimentos diários, percebeu que a assistência em fisioterapia e o tratamento medicamentoso no cuidado da dor, não são suficientes para a melhora clínica das mesmas, e que além da dor a fibromiálgia possue um perfil psicológico com nível de exigência na mulher muito alto, desencadeando distúrbios psicológicos. Com isso, a equipe percebeu a importância do envolvimento de uma equipe multiprofissional no acompanhamento destas pacientes. Além do Atendimento clínico e da Fisioterapia para melhora da dor muscular, a fim de promover uma rotina mais ativa e melhorando assim a sua qualidade de vida, se fazia necessário incluir a nutrição para atuar no acompanhamento nutricional, importante para reduzir inflamação e controlar o peso por meio de uma alimentação saudável, e a psicologia para controle da ansiedade e melhora da auto estima. A partir disso surgiu o projeto Mulheres de Fibra: Mente Saudável, Corpo em Evolução, com o intuito de socializar pacientes e familiares na tentativa de reduzir sinais e sintomas, oferecer mecanismos para melhora na qualidade de vida e reduzir os impactos causados pedoença na vida cotidiana das pacientes.
Melhorar a qualidade de vida das Mulheres portadoras de Fibromialgia por meio do Acompanhamento Multiprofissional, Tratamento não farmacológico e socialização dos pacientes e familiares.
Após levantamento para identificação da quantidade de mulheres diagnosticadas com a Fibromialgia e faixa etária prevalente, foi realizada análise das informações, elaboração do projeto e apresentação aos demais profissionais da Atenção Básica com o objetivo de inserí-los nas ações, esclarecer sobre a importância da execução efetiva do mesmo e contribuirem no processo de divulgação. O primeiro encontro do Projeto foi realizado em ambiente acolhedor, com músicas, dinâmicas, alongamentos, rodas de conversa e apresentação do Tema, objetivo, cronograma de atividades, profissionais envolvidos, entrega de camisetas e finalizado com um coquetel. Os demais encontros são realizados quinzenalmente. Em todos eles, diferentes temas são abordados: Fibromialgia: Os desafios de uma doença invisível Exercícios físicos, minimiza a dor, a fadiga e a tensão muscular da fibromialgia? Fibromialgia e o sentimento de inutilidade Como a Fibromialgia e a ansiedade impactam o Sistema digestivo Fibromialgia: Família, trabalho e amigos Sexualidade na fibromialgia Alimentação como uma importante aliada no tratamento da Fibromialgia, dentre outros. Além da discussão dos temas, também são realizadas orientações gerais, atendimento individual, alongamento, dinâmicas, caminhada, dança, aulas funcionais, avaliação nutricional, roda de conversa e relatos de como o projeto tem contribuido na vida das participantes. O projeto iniciou com 24 participantes e atualemnte conta com 36 mulheres.
Com a realização do projeto, percebeu-se uma melhora significativa da interação e socialização entre as mulheres com Fibromialgia, no grupo de apoio e também na sociedade Melhora na qualidade de vida após conhecerem melhor a doença e se conhecerem Melhora significativa da saúde mental, auto estima e controle da ansiedade Melhor relação com a comida e cuidado efetivo com a alimentação após a desmistificação do terrorismo nutricional que lhes foi imposto antes do acompanhamento do grupo de apoio Melhor aceitação e enfrentamento da doença após se sentirem acolhidas e valorizadas diante do preconceito e a forma que a sociedade enxerga e lida com a Fibromialgia Redução de drogas paliativas para tratamento da dor.
O Projeto Mulheres de Fibra: Mente Saudável, Corpo em Evolução, tem provocado a desmistificação do preconceito do diagnóstico da fibromialgia e despertado nas mulheres a importância do empoderamento para o autocuidado, através do conhecimento, habilidades e reconhecimento dos possíveis gatilhos que desencadeiam a dor. Com o projeto, as mulheres melhoraram seus hábitos e rotina diária, por meio do autoconhecimento, autoconfiança e autocontrole para a manutenção e fortalecimento da saúde com total autonomia. O projeto também impactou de forma significativa na melhora do quadro de depressão e baixa auto estima causada pela doença, e ainda proporcionou às pacientes, conhecimento e domínio para lidar com as adversidades do adoecimento, entendendo os sinais do próprio corpo na vigência da crise álgica e se permitindo levarem uma vida mais ativa e saudável.