O processo de interação humana encontra-se presente nas organizações, e a forma como se dão essas interações influencia na qualidade do serviço/atendimento que é ofertado à população, assim como na qualidade de vida dos profissionais. Conviver com o outro não é uma tarefa fácil, e conviver com o outro no trabalho sem entender o comportamento de cada um é praticamente impossível. Tendo em vista as informações supracitadas, e levando em consideração freqüentes conflitos internos entre os profissionais das UBS do município de Nova Soure, BA, foram realizados grupos terapêuticos composto por toda equipe de profissionais que integram cada UBS, com encontros mensais, durante o período de quatro meses, conduzidos pelas psicólogas da equipe multidisciplinar.
Identificar as barreiras que prejudicam o desempenho da equipe Trabalhar oportunidades de melhoria na relação interpessoal Identificar e trabalhar os fatores no ambiente de trabalho que possam impactar diretamente na saúde mental dos colaboradores Fortalecer o vínculo entre os profissionais
Os grupos terapêuticos possibilitam o compartilhamento de experiências entre participantes, propicia escuta, orientação e construção, bem como melhoria no clima organizacional dentro da equipe de trabalho. A proposta das atividades realizadas nas UBS dentro do município , consistia principalmente no fortalecimento de vínculos entre profissionais , que desenvolviam suas atividades laborais nestes espaços e que por razões corriqueiras acabavam por ter esses vínculos afetivos fragilizados, repercutindo no processo de trabalho, qualidade do serviço ofertado e em sua saúde mental. As atividades realizadas foram feitas através de levantamento de dados por meio de aplicação de questionários com perguntas voltadas à estrutura da equipe , responsabilidades, recompensas, relacionamentos, cooperação, conflitos e identidade. Baseado no padrão de comportamento do grupo, identificado através dos dados coletados, foram desenvolvidas atividades/dinâmicas de intervenção, estas direcionadas à trabalhar de forma leve e experiencial o respeito , a ética, a relação interpessoal, resoluções de conflitos e a percepção de si e do outro.
Os resultados foram satisfatórios, os profissionais aderiram a proposta de forma positiva , mostraram-se receptivos e participativos. Através dos grupos terapêuticos , pode- se perceber a presença de conflitos entre alguns membros , resistência em pedir desculpas e demonstrar afeto ,sendo possível que a situação que encontrava-se velada pudesse ser resolvida e o problema sanado. Percebeu-se que a falta de comunicação entre eles fragilizava a equipe, interferindo no processo de trabalho e assim, gerando mais conflitos ,os quais poderiam ser evitados. Alguns grupos apresentaram bom clima grupal, com situações pontuais que resultavam em fragilidade no aspecto das relações interpessoais. O feedback em relação as atividades foram satisfatórios, apontaram uma possível mudança no comportamento, evidenciado na redução de conflitos entre os profissionais, melhoria do clima no ambiente de trabalho, além de propiciar aos trabalhadores um momento de autocuidado, impactando positivamente em sua saúde mental .
A qualidade de vida no trabalho não decorre somente de bons salários , mas do tratamento humano que valorize a gentileza, a possibilidade de expressar os pontos de vista diferentes e do respeito.Os indivíduos, no trabalho, apresentam sua maneira pessoal de lidar com seus sentimentos e emoções, e essa maneira própria entra em contato com outros indivíduos, que também possuem sua maneira própria. O que pode facilitar essas relações é o autoconhecimento e o conhecimento do outro, que fazem com que se amplie a compreensão de como as pessoas atuam no trabalho.A interação socioemocional pode favorecer o resultado no que se refere a melhoria das relações interpessoais. Se os processos são construtivos e a colaboração e o afeto predominam, possibilita a coesão do grupo. O que se observa é que para trabalhar bem, e em grupo, as pessoas precisam possuir não apenas competências técnicas para realizar suas funções, mas também competências emocionais.