O Município de Ipiaú, localizado no sul da Bahia é pólo na microrregião do Médio Rio de Contas, no que diz respeito a serviços de saúde, educação, segurança e trabalho e apresenta uma população de 45.969 habitantes segundos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O comércio informal de alimentos tem crescido consideravelmente e é possível notar que boa parte da população opta por refeições comercializadas por vendedores ambulantes devido à praticidade e economia. Com a pandemia Covid-19 também ocorreu crise no mercado de trabalho, levando ao crescimento do comércio informal, dentre eles está o comércio dos serviços de alimentação. Atualmente temos uma média de 250 vendedores ambulantes de alimento no município. Relacionado à questão alimentar, observou-se a importância de aplicar ferramentas de Boas Práticas de Fabricação/Manipulação de Alimentos (BPF) que abrangem um conjunto de normas sanitárias, diminuindo os riscos de Doenças Transmitidas por Alimentos, onde o controle de qualidade se faz necessário e este requer o monitoramento de todo o processo produtivo, conforme o conjunto de procedimentos higiênico-sanitários instituídos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Trata-se de um relato de experiência, sobre a realização de capacitações em boas práticas de manipulação de alimentos, gestão comercial e implantação do selo de qualidade para ambulantes dos serviços de alimentação que participaram do Projeto Ambulante Seguro do município .
Relatar a experiência vivenciada durante a implantação do selo de qualidade do Projeto Ambulante Seguro aos ambulantes dos serviços de alimentação do município de Ipiaú, com capacitações técnicas na colaboração do processo de construção e interlocução entre o conhecimento científico e a prática, no que diz respeito às técnicas adequadas para produção de alimentos saudáveis e promoção de saúde pública.
Trata-se de um relato de experiência sobre a implantação do Projeto Ambulante Seguro, por meio de um processo de capacitação em boas práticas de manipulação de alimentos e gestão de vendas associadas à segurança alimentar, para vendedores ambulantes dos serviços de alimentação do município de Ipiaú. Desenvolvido pela Vigilância Sanitária Municipal em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-SEBRAE. Este que foi dividido em duas etapas: na primeira foram realizados cadastro dos ambulantes in loco, posteriormente realizadas palestras sobre Boas Práticas de Fabricação, Manipulação e Comercialização de alimentos por base a RDC ANVISA nº 216/2004 que regulamenta as Boas Práticas nos serviços de alimentação, sobre gestão de vendas, regularização da empresa e a importância da segurança sanitária na captação de clientes. Esta que contou com a participação de 80 ambulantes. Todos os presentes receberam certificados. Posteriormente na segunda etapa foram realizadas as inspeções sanitárias dos equipamentos dos ambulantes, como carrinhos de salgados, caldo de cana, acarajé e dentre outros, e aplicaram-se as orientações técnicas referidas durante o treinamento. Os ambulantes que participaram do curso e se adequaram com base nas orientações referidas no treinamento teórico receberam o selo de qualidade do Projeto Ambulante Seguro, simbolicamente um adesivo com as descrições que o estabelecimento estava inspecionado e o ambulante capacitado.
Tornar a participação da capacitação na área de boas práticas de manipulação de alimentos um requisito obrigatório, e não facultativo, para receber o selo de qualidade foi uma estratégia efetiva que atraiu o público alvo. Os 80 ambulantes que participaram do treinamento, concordaram em realizar as adequações sanitárias necessárias e recebeu o selo de qualidade do Projeto Ambulante Seguro. A melhoria da qualidade dos serviços prestados, na segurança sanitária do produto, no atendimento aos clientes, trouxe benefícios ao empreendedor informal. Pois com os mecanismos de inspeção, controle e uma garantia da qualidade, obedecendo às normas de manuseio das Boas Práticas de Fabricação e higiene, poderão garantir a qualidade final ao consumidor. Com fundamentos que buscaram diretamente resultados no campo da proteção à saúde pública, proporcionado condições de melhorias no processo de produção de alimentos seguros para serem servidos à população. Além de melhor entendimento sobre a importância da segurança alimentar na captação de clientes e gestão de vendas. A estratégia de capacitação e implantação do selo de qualidade objetivou atingir esse público com informações que motivem o cumprimento das normas sanitárias no processo de produção de alimentos e geração de emprego e renda, dando visibilidade aos trabalhadores desta categoria que atuam de forma segura.
CONCLUSÃO: Durante a capacitação e inspeções foi possível identificar baixo conhecimento de boas práticas de fabricação, controle de qualidade, armazenamento correto de alimentos, conscientização no asseio, usa de vestimenta pessoal e inadequação ao uso de equipamentos e instalações. Neste contexto conclui-se que se torna essencial adoção de medidas educativas e de atendimento à legislação junto aos empreendedores ambulantes de modo que venha a minimizar os riscos identificados na rotina desse trabalho. Identificou-se também que o desenvolvimento dessa estratégia favoreceu um estreitamento de vínculo entre os vendedores ambulantes do ramo de alimentação e o setor de Vigilância Sanitária, pois, com a aproximação, o setor deixou de ser visto apenas como um órgão fiscalizador e passou a ser referência e apoio técnico na busca da melhoria de qualidade, dos equipamentos, das técnicas e do produto final. Além de atrair clientes para os estabelecimentos com o selo de qualidade do Projeto Alimento Seguro. É de fundamental importância que haja o envolvimento do profissional de saúde, para além dos limites da sua rotina de trabalho. Promovendo Saúde Pública, fortalecendo o SUS e incentivando a inclusão produtiva com segurança sanitária.