A assistência ao Planejamento Reprodutivo faz parte da história social e econômica, refletindo diretamente na vida do indivíduo, da família e sociedade, envolvendo as questões culturais, econômicas, ambientais, entre outros. Considerando a lei n° 9263 de 12 de janeiro de 1996, a qual garante ao Planejamento Familiar, à oferta de todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos, que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção. O dispositivo intrauterino com cobre (DIU TCu 380A) destaca-se por ser um método com alto potencial de eficácia, praticidade, segurança, de longa ação, reversível e não hormonal. Entre as vantagens deste método contraceptivo, como critério de elegibilidade do Ministério da Saúde, a categoria de melhor escolha por condições clínicas. A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Seguro promoveu ampliação na oferta do método de longa duração nos anos de 2019 e 2020, com treinamento das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) para inserção do dispositivo intrauterino de cobre (DIU), e pactuou com a Maternidade do Hospital Deputado Luiz Eduardo Magalhães a realização da Inserção do DIU pós-parto e pós-abortamento. A ação habilitou 19 médicos para o procedimento na APS e adesão de 90% dos especialistas obstétricos na Maternidade, alcançando 1034 mulheres assistidas com o dispositivo. A iniciativa continua através de educação continuada no município de Porto Seguro.
O objetivo dessa experiência foi implementar e implantar a realização do procedimento de inserção do Dispositivo Intrauterino com Cobre (DIU TCu 380A) na APS, viabilizando a descentralização do serviço, através da capacitação dos profissionais médicos. Promover fortalecimento do Planejamento Reprodutivo, garantindo a continuidade na ampliação do método de longa duração no período pós-parto ou pós-abortamento através da adesão dos médicos obstétricos vinculados a Maternidade local. Objetivos Específicos •Garantir a contracepção de longa duração, reduzindo a descontinuidade do planejamento reprodutivo evidenciada no uso dos métodos hormonais orais e injetáveis no município de Porto Seguro •Reduzir o índice elevado de gravidez indesejada e na adolescência •Diminuir o índice de abortamento provocado •Potencializar os grupos educativos de Planejamento Reprodutivo, desmistificando mitos e tabus sobre uso dos contraceptivos •Descentralizar a oferta do método de longa duração
O relato de experiência foi à introdução do procedimento de Inserção de DIU na APS e na Maternidade no município de Porto Seguro. Foram realizadas reuniões com os profissionais médicos e enfermeiros da APS com apoio do serviço de referência de ginecologia do município, contemplando 42 Equipes de Saúde da Família e 4 Equipes Indígenas. Em continuidade, foi fortalecido o Grupo de Trabalho da Rede Cegonha em parceria com a coordenação do setor Obstétrico do Hospital Regional Deputado Luiz Eduardo Magalhães. Em seguimento, foi elaborado com a comissão técnica do município a construção do fluxograma dos encaminhamentos e procedimento de Inserção de DIU, para direcionamento e assistência as mulheres em idade reprodutiva que desejam realizar o procedimento do contraceptivo de longa duração no município de Porto Seguro. Em destaque, na elaboração e construção dos fluxogramas, foram desconstruídas as barreiras de acesso que dificultavam a execução do procedimento, como exigência de exames preliminares, que promoviam a morosidade do acesso, não sendo considerado como critério de rotina conforme Protocolo do Ministério da Saúde. Foi realizado um investimento municipal para aquisição de materiais e instrumentais essenciais para realização do procedimento. Nesse processo, ocorreu também maior sensibilização do público alvo, através das mídias das redes sociais local, rádios, e grupos de atendimentos das APS, desmistificando os mitos e tabus em relação ao uso do método.
O município de Porto Seguro, antes de realizar as capacitações, garantiu o acesso ao método contraceptivo do DIU exclusivamente através do serviço de referência com a especialidade de ginecologia, regulado pelo Sistema de Regulação – SISREG, atendendo uma média de 50 mulheres anualmente. Após 02 anos consecutivos na ampliação do procedimento de Inserção de DIU com as capacitações do profissionais das Unidades Básicas de Saúde e adesão dos médicos obstetras na realização do procedimento na Maternidade, percebeu-se uma adesão significativa do uso do método, contemplando 1034 mulheres do município que realizaram Inserção do DIU neste período. No momento da avaliação, percebeu que muitas mulheres tinham dificuldade de usar os métodos hormonais, devido responsabilidade diária e/ou mensal que comprometia a continuidade e efetividade do uso. Em continuidade a assistência, a maioria apresentou satisfação em garantir seu direito ao planejamento reprodutivo e por não apresentar reações. A maioria dos profissionais aderiram a implantação e execução do método, porém alguns ainda ficaram resistentes com receio de possíveis intercorrências. Em destaque, o município não apresentou casos de complicações e comprometimento da saúde de nenhuma mulher após Inserção de DIU. Foi possível garantir as mulheres do município de Porto Seguro que desejam contracepção de longa duração, fácil acesso a realização do procedimento, extinguindo a demanda reprimida de Inserção de DIU do município.
Os resultados evidenciam o fortalecimento do Planejamento Reprodutivo no município de Porto Seguro, com os profissionais da APS que apresentaram maior adesão ao método de longa duração através da educação continuada para realização do procedimento. As barreiras de acesso, como a não disponibilização do método ou o excesso nos critérios, muitas vezes, desnecessários pelos serviços de saúde associadas à inserção do DIU, foram desconstruídas nesse processo, garantindo o acesso e possibilitando maior adesão das mulheres ao método. Fortaleceu o trabalho em rede, com o apoio da Maternidade representada pelo Hospital Regional Deputado Luiz Eduardo Magalhães, contribuindo para a garantia do acesso as mulheres no período pós-parto ou pós-abortamento, o direito ao planejamento reprodutivo em um momento oportuno e sensível a adesão da contracepção. E em destaque, os relatos das mulheres após adesão do método, fortaleceram a continuidade e descentralização do serviço, considerando a diversidade dos distritos sanitários e vulnerabilidades sociais, garantindo a equidade e universalidade na assistência do SUS através do Planejamento Reprodutivo.