O processo de adoecimento em larga escala evidenciado com a crise sanitária decorrente da infecção humana pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), que desencadeou a COVID-19, trouxe novos desafios para o Sistema Único de Saúde. Na medida em que a doença avançava, a ciência intensificava as investigações com comprovações que permitiram instituir importantes medidas de controle e prevenção, a exemplo do uso de máscaras, higiene das mãos, distanciamento social e a vacinação. No início, lidar com um vírus desconhecido evidenciou a frase: “Fique em Casa”, trazendo repercussões nos diferentes setores do convívio social, sobretudo para o setor saúde. Para que as estratégias de redução da doença se tornassem efetivas, a Atenção Primária a Saúde (APS) mostrou seu potencial, evidenciado em todo o território nacional relatos de exitosas experiências. Com a finalidade de intervir efetivamente no combate à disseminação da Covid-19, em Jandaíra-cidade do interior da Bahia, com área territorial de 640.772Km², população adscrita de 10.742 pessoas e assistência à saúde com 100% de cobertura da Atenção Básica- diferentes estratégias de saúde, dentre estas, a elaboração de um projeto de saúde com foco na ampliação da cobertura de vacinação e redução das barreiras de acesso foram executadas.
Objetivo Geral: Relatar a experiência da implementação de uma estratégia inovadora denominada “saúde em ação”, desenvolvida no município baiano de Jandaíra, durante a pandemia de Covid-19. Como objetivo específico, busca evidenciar a importância das ações de saúde e em saúde enquanto estratégia de fortalecimento da principal porta de entrada no Sistema Único de Saúde (à Atenção Básica- AB), uma vez que possibilitou o aumento da cobertura dos indicadores de vacinação, o distanciamento social e redução da disseminação do vírus (SARS-CoV-2), bem como a garantia de promoção da saúde, prevenção de doenças e a aproximação entre usuários(as) e trabalhadores(as) da saúde no SUS, em tempos de crise sanitária.
O projeto “saúde em ação” teve início em dezembro de 2021 e permanece ativo no município, até o presente momento (maio de 2022). Trata-se de uma proposta planejada coletivamente entre as coordenações da Atenção Básica, Vigilância Epidemiológica e de Saúde Bucal, apoiada pelos trabalhadores das equipes de saúde do município, envolvendo a participação de 05 enfermeiras, 08 técnicos de enfermagem e 28 agentes comunitários de saúde. Enquanto estratégia inovadora- custeada financeiramente com recursos do próprio município- foi feita a inclusão de um ônibus “buzão da saúde”, com finalidade de uso exclusivo para as equipes de saúde. Foram realizadas 06 ações com usuários de 03 localidades da zona urbana e 03 da zona rural (Abadia, Cachoeira e Monte Belo), ambas pertencentes ao território de abrangência do município. O início das intervenções sempre se dava às 06:00h da manhã, com concentração em frente à secretaria municipal de saúde, a fim de que fossem organizados os insumos e materiais no ônibus itinerante, bem como fosse garantido o deslocamento até o local de destino. Para cada ação foi realizado um planejamento e rodízio de distribuição dos profissionais de saúde, de modo que não houvesse interferência na oferta dos serviços nas unidades locais da Estratégia Saúde da Família As atividades ocorreram no turno da manhã, com início às 08:00 e término às 14:00horas.
Dentre as estratégias para ampliar a adesão dos usuários, destaca-se a utilização da comunicação em saúde, realizadas através dos trabalhadores nos serviços de saúde, dos ACS (durante as visitas domiciliares), bem como o uso de carro de som e das redes sociais (no Instagram, Facebook e WhatsApp), além do site da prefeitura municipal. Ao chegar no território o ônibus circulava em todas as ruas, com uma parada específica em cada local. Ao estacionar, um carro de som circulava anunciando a chegada do ônibus com a vacinação. Enquanto isto, parte dos trabalhadores ficavam no ônibus aguardando as pessoas chegarem para serem vacinadas e, a outra metade iam até as casas priorizando a vacinação de pessoas idosas e gestantes que apresentavam alguma dificuldade de acesso/locomoção. Além disso, a equipe de Agentes comunitários apresentavam-se fantasiados de personagens: como a Emília e o Zé gotinha. Foram realizadas a administração de 350 doses de vacinas, sendo: 18 de 1ª (primeira) e 108 de 2ª (segunda) doses em adolescentes 02 de 1ª e 02 de 2ª doses em gestantes 25 de 1ª, 18 de 2ª 97 de 3ª dose em pessoas de 18 a 59 anos, e 80 administrações de 3ª dose em idosos. Durante essas ações o maior quantitativo de oferta foi referente às vacinas de terceira dose do esquema de vacinação. Quanto ao gênero predominou o feminino e a faixa etária as idades entre 18 a 59 anos.
Este projeto, além de fortalecer estratégias de prevenção e promoção da saúde no SUS em tempos de crise sanitária, levando à saúde mais próximo das casas dos cidadãos, buscou seguir as orientações e medidas expedidas pelos órgãos de referência em saúde, considerando, principalmente, os protocolos e orientações expedidas pela Secretária de Saúde da Bahia. As intervenções do “ação em saúde” evidenciaram a necessidade de ampliar o princípio de equidade do SUS, de modo a garantir a oferta de serviços, sobretudo, no que tange a vacinação, para as pessoas que residem em localidades mais distantes das unidades de saúde. Essa análise surgiu das observações dos atrasos do início e continuidade do esquema de vacinação, como consequência do deslocamento e distância de algumas unidades de saúde. O projeto que inicialmente foi elaborado com objetivo de intensificar as ações de vacinação em tempos de pandemia, mostrou maiores potencialidades, reforçando a necessidade de manutenção da estratégia, a fim de que possa ser garantido melhores condições de acesso e oferta de serviços de saúde no município de Jandaíra.