CALL CENTER COMO ESTRATÉGIA PARA MONITORAMENTO DE PACIENTES SUSPEITOS OU CONFIRMADOS DE COVID-19

Apresentação

A pandemia provocada pelo Coronavírus ocasionou uma crise sanitária mundial, gerando dificuldades para as ações de vigilância epidemiológica, especialmente por serem necessárias medidas urgentes que amenizassem as desigualdades de acesso à saúde e as condições de informação para promoção do autocuidado. O alto contágio pela COVID-19 e a necessidade do distanciamento social, durante os anos de 2019 a 2021, levou a Atenção Primária do município de Miguel Calmon no estado da Bahia a pensar em estratégias de atendimento e acompanhamento à distância dos pacientes suspeitos e confirmados da doença. Muitos profissionais da saúde fazem parte dos grupos com maior risco para o agravamento da infecção por Covid-19, para protegê-los, seguindo recomendações do Ministério da Saúde e garantindo que não permanecessem na assistência direta aos usuários, foram alocados no Call Center da Saúde. O setor funcionava durante vinte e quatro horas, incluindo finais de semanas e feriados e foi confeccionada escala de serviço para que não houvesse sobrecarga ou hiatos durante a assistência a distância. Funcionava como monitoramento diário através de ligações, teleatendimento com profissionais médicos e de enfermagem e central de informações e de agendamento presencial para a Unidade de Triagem de Pacientes com Sintomas Respiratórios.

Objetivos

Relatar as repercussões e a experiência exitosa da implementação do telemonitoramento de casos suspeitos e confirmados na prática dos profissionais da Atenção Primária a Saúde durante a pandemia de COVID-19.

Metodologia

Trata-se de um relato de experiência, descritivo, vivenciado por profissionais da Atenção Primária a Saúde no Município de Miguel Calmon no Estado da Bahia. Esses foram realocados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) por possuírem elevado risco ao contágio pela COVID-19. Necessitando de auxílio para a realização do monitoramento, implantou-se um Call Center no período de março de 2019 a agosto 2021. Composto por quatro aparelhos celulares e três computadores para realizar o contato via ligação telefônica e/ou WhatsApp com os usuários que precisavam ser monitorados. Ocorreu em uma sala ampla da própria SMS, seguindo as medidas sanitárias exigidas. Para as atividades noturnas contou-se com uma escala de motoristas que encaminhavam os aparelhos para o profissional responsável pelo plantão em sua própria residência. O controle de ligações e monitoramento diário era feito através de Planilha Google compartilhada no drive, onde eram registrados dados do paciente (nome, cartão nacional de saúde, data de nascimento e telefone), data do início dos sintomas, evolução, resultado de teste COVID-19 e nome do atendente que realizou o monitoramento, conforme o protocolo preconizado: a cada 48h (sem comorbidades) ou 24h (grupos de risco), por um período mínimo de 14 dias de início dos sintomas e até a ausência dos mesmos por 72h. Se necessário era feito agendamento na unidade de triagem e reforçadas as medidas de isolamento social e prevenção à transmissão comunitária.

Resultados

Durante o período foram acompanhados pela equipe mais de 8.000 usuários, com uma média diária de 50 casos monitorados registrados em planilhas e prontuários. Foi possível executar, de forma pioneira, inovadora e satisfatória, ações que competem aos profissionais da Atenção Primária a Saúde (APS) no âmbito da assistência e educação em saúde, por meio de tecnologias de informação e comunicação, com o enfoque no cuidado integral aos usuários. Em relação à assistência em saúde, alcançaram-se as competências clínicas para avaliação do estado de saúde do usuário por meio da coleta de dados, possibilitando aos profissionais desenvolver a habilidade de reconhecer sinais de agravamento de forma remota, aperfeiçoando a escuta ativa e de comunicação por meio de estratégias para compreensão das informações de acordo com o perfil do usuário. Além disso, oportunizou o reconhecimento de protocolos e condutas para COVID-19, de modo a promover a intersetorialidade através da discussão de casos com as equipes da APS. Outro resultado exitoso foi à oportunidade de direcionar os usuários à procura pelos serviços de saúde buscando minimizar a superlotação diante da pandemia o que possibilitou conceber um quadro de saúde melhor da população.

Conclusões

Ao relatar a experiência da implementação do Call Center para monitoramento dos casos suspeitos e confirmados de COVID-19 na APS, permitiu-se reconhecer a execução, de forma inovadora e satisfatória, das ações que competem aos profissionais de saúde no âmbito da saúde digital, utilizando das tecnologias de informação para a realização do cuidado. Desenvolveram-se, junto às equipes de saúde da família, ferramentas de trabalho em um contexto atípico, que articuladas contribuíram para o cuidado em rede. A experiência mostra formas eficientes de assistência possibilitando o desenvolvimento de habilidades de comunicação com uso de tecnologias, além disso, constituiu uma fonte de apoio aos usuários garantindo resolutividade e impactando na diminuição da superlotação dos serviços de saúde.