REVITALIZANDO A CULTURA NORDESTINA ATRAVÉS DA GERAÇÃO DE RENDA COM PORQUINHOS ARTESANAIS DE BARRO

Apresentação

A cultura popular nordestina é uma tapeçaria intricada de tradições e expressões artísticas que não apenas refletem, mas também moldam a identidade e a história da região. No coração dessa rica herança, os porquinhos de barro emergem como símbolos arraigados de prosperidade, sorte e tradição, muitas vezes referidos como “miaeiros” (porta-moedas/cofrinhos) em nosso vernáculo. Dentro do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Pássaro Livre, situado em Amargosa, Bahia, os porquinhos de barro não apenas servem como meio de expressão cultural, mas também como ferramenta terapêutica e de geração de renda. Este relato, trata-se de projeto implantado no CAPS, destacando seu papel vital na revitalização da cultura local e na promoção do bem-estar emocional dos usuários. O projeto de porquinhos artesanais de barro foi concebido como uma forma de oferecer aos usuários do CAPS uma atividade terapêutica e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de geração de renda. Inspirados pela tradição dos porquinhos de barro nordestinos, os usuários aprenderam técnicas de customização, comercialização e venda como estratégia terapêutica. O CAPS é um espaço dedicado à assistência psicossocial de indivíduos que lidam com transtornos mentais, buscando sua reintegração na sociedade e na comunidade. Situado em Amargosa, Bahia, o CAPS se compromete em oferecer atividades terapêuticas e programas de inclusão social, visando fortalecer a autonomia e a qualidade de vida de seus usuários.

Objetivos

•Promover a saúde mental e o bem-estar emocional dos usuários do CAPS Pássaro Livre por meio de atividades terapêuticas e de geração de renda. •Realizar oficina terapêutica de produção artesanal. •Revitalizar a cultura popular nordestina, preservando tradições e promovendo o orgulho cultural na comunidade. •Fortalecer os vínculos comunitários e a inclusão social dos participantes do CAPS Pássaro Livre. •Estimular a autonomia financeira e a independência dos usuários, promovendo sua reintegração na sociedade.

Metodologia

Os usuários são envolvidos em todas as etapas da produção dos porquinhos, desde a customização até a venda Desse modo, são treinados e capacitados em técnicas de customização, pintura e comercialização dos porquinhos artesanais de barro, garantindo habilidades de produção artística e cultural. No que se refere à customização, em oficina terapêutica, juntamente com a equipe de profissionais do CAPS, os usuários realizam colagem, cortes dos retalhos e pintura. A comercialização acontece ao longo do ano, no CAPS e também em feiras de artesanatos e eventos externos como na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB e na Vila Junina do São João de Amargosa – Bahia que é uma festa que recebe milhares de turistas e é reconhecida nacionalmente. Metade dos lucros obtidos com a venda dos porquinhos são destinados aos próprios usuários, enquanto a outra metade é reservada para proporcionar-lhes atividades de lazer, como viagens, idas ao cinema, visitas a pontos turísticos e consumo na praça de alimentação do Vale Shopping, resorts, praias e outras viagens culturais Nesse contexto, a equipe do CAPS fornece suporte contínuo aos usuários, oferecendo orientação emocional e acompanhamento psicossocial para garantir o sucesso do projeto. Assim, são realizadas avaliações periódicas para monitorar o impacto do projeto na saúde mental, na inclusão social e na autonomia financeira dos usuários.

Resultados

O projeto de porquinhos artesanais de barro impacta profundamente a comunidade e os usuários do CAPS Pássaro Livre. Na comunidade, preserva e valoriza a cultura local do Vale do Jiquiriçá, ganhando reconhecimento regional. A comercialização estimula a economia local, fortalecendo o sentimento de pertencimento. Para os usuários do CAPS, é uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e social. Participando ativamente da produção, desenvolvem habilidades criativas e manuais, elevando autoestima e conexões comunitárias. A renda adicional impulsiona sua recuperação psicossocial, resultando em melhor coordenação psicomotora, percepção visual e redução no uso de medicamentos. A saúde mental e emocional melhora, os laços comunitários se fortalecem, promovendo maior participação social. Além disso, há crescimento na geração de renda e autonomia financeira dos participantes. O projeto valoriza a cultura nordestina, resgatando as ancestralidades africana e indígenas dos Karirís de língua Karamuru e Sapuyá, que habitavam a zona rural de Baitinga, Amargosa, Bahia, até o século XIX, quando foram massacrados pelos colonizadores.

Conclusões

O projeto de porquinhos artesanais de barro, implantado no CAPS Pássaro Livre em Amargosa, Bahia, é um testemunho vibrante do poder transformador das tradições culturais. Além de revitalizar a cultura local, o projeto oferece aos usuários uma via para o empoderamento pessoal e a geração de renda. É nosso desejo que iniciativas semelhantes continuem a ser apoiadas e disseminadas, promovendo não apenas o fortalecimento das tradições culturais, mas também o bem-estar emocional e a inclusão social dos usuários.