A Chikungunya é ocasionada pelo vírus CHIKV, se trata de uma viremia que persiste por até dez dias após as manifestações clínicas. A transmissão se dá através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes Aegypti e Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV(BRASIL,2017). Os principais sinais e sintomas são parecidos com os da dengue – febre, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. Porém, as dores articulares fortes que podem estar acompanhadas de edemas, são as manifestações clínicas que diferem a Chikungunya da dengue. A doença pode evoluir da fase aguda para subaguda e crônica. Tem caráter epidêmico, com quadro de artralgia persistente, aumento da morbidade e interferência na redução da produtividade e qualidade de vida dos indivíduos (BRASIL,2017.) Nesse contexto, o interesse pelo projeto surgiu devido ao aumento dos casos de Chikungunya no interior do município e ao aumento da demanda de indivíduos com algias articulares e necessidade de reabilitação. Além disso, a auriculoterapia é uma técnica que faz parte das PIC´s e já se sabe que traz um impacto positivo na qualidade de vida dos indivíduos e beneficia a promoção da saúde, sendo uma técnica eficaz, efetiva e de baixo custo. Diante disso, se pensou em associar a auriculoterapia, técnica que já é inserida no SUS e pouco utilizada ou conhecida, com a cinesioterapia ativa, baseada em movimentos, com intuito de melhorar quadro álgico, mobilidade articular e devolver funcionalidade aos indivíduos.
Verificar o efeito terapêutico da auriculoterapia em associação com a cinesioterapia nas dores articulares causadas pela Chikungunya Objetivos específicos: Analisar a eficácia das técnicas como terapêutica a ser utilizada pelos profissionais do SUS Apresentar a importância da inserção da Auriculoterapia no sistema de saúde Relatar os resultados do tratamento proposto.
Trata-se de um relato de experiência de um grupo terapêutico de indivíduos com relatos de dores articulares causadas pela Chikungunya, realizado por profissionais do NASF-AB (Núcleo Ampliado de Saúde da Família) e uma Unidade de Saúde do Município de Campo Formoso-Bahia. O grupo foi constituído por 08 usuários, que recebiam atendimento de auriculoterapia semanal, realizado por uma Fisioterapeuta do NASF. Além da auriculoterapia, os usuários realizavam exercícios semanalmente e supervisionados por outra Fisioterapeuta do NASF. Os exercícios indicados tinham como objetivo melhorar a mobilidade articular e aliviar o quadro álgico dos pacientes. Os encontros ocorreram durante o período de junho e julho de 2022, semanalmente, às terças e quintas-feiras, no turno matutino e com duração de 1 hora. Os critérios de inclusão utilizados foram: usuários com idade acima de 18 anos, de ambos os sexos, que apresentavam quadro crônico de Chikungunya e que não apresentassem limitação motora para se deslocar até a unidade de saúde. Além disso, que não apresentassem lesões nas orelhas que impedisse de realizar a terapia auricular. Foram realizados 07 encontros com acolhimento, anamnese, auriculoterapia e cinesioterapia ativa. A seleção dos pontos auriculares foi: Shenmen, Rim, Simpático, Ansiedade, relaxamento e analgesia ( seleção comum para todos os participantes) além dos pontos específicos para cada queixa álgica, exemplo: mãos, pés, cotovelo, tornozelo e coluna).
O grupo terapêutico foi composto por usuários que relatavam dores articulares há mais de 05 meses, sendo 07 mulheres e 01 homem, com idades que variam de 29 a 69 anos. No primeiro encontro foi realizado o acolhimento do grupo e anamnese, além de aplicação da escala EVA (Escala Visual Analógica) para análise da dor. Dos 08 participantes, 05 relataram EVA 10 e 03 EVA 08. Ou seja, apresentaram uma classificação de dor intensa. No projeto, após a realização do tratamento que utilizou a Auriculoterapia, associada com exercícios ativos como terapêutica, os indivíduos do grupo relataram: diminuição do quadro álgico articular – EVA 10 com redução para EVA 05 – e de EVA 08 para EVA 04. Houve redução da dor intensa para dor leve. Além disso, 02 usuários relataram diminuição de edema em membros inferiores e melhora do sono. Nesse contexto, considera-se o movimento humano essencial para promover autonomia e independência, sendo assim, a cinesioterapia é uma técnica essencial nesse processo de recuperação do movimento. E, em substituição do modelo de atenção voltado à doença, a auriculoterapia se destaca com ação terapêutica que se dá por meio de pressão da semente sobre a pele do ponto correspondente, o que gera pressão nos vasos sanguíneos e estímulo para o ramo nervoso. Assim, os estímulos na orelha irão corrigir os desequilíbrios energéticos do órgãos acometidos (GARCIA, 1999). Diante do exposto, ressalta-se que essas práticas são efetivas e fortalecem a integralidade do cuidado.
Foi possível observar, ao final deste projeto, que a auriculoterapia em associação com a cinesioterapia ativa, contribuiu para redução do quadro álgico articular dos indivíduos, diminuição de edema de membros e melhora do sono, sendo efetiva no processo de tratamento das sequelas da Chikungunya, e se apresenta como uma boa alternativa para ser utilizada na prática clínica pelos profissionais de saúde do SUS. Notaram-se resultados satisfatórios, correspondentes aos objetivos propostos dessa projeto, de avaliar o efeito terapêutico das técnicas no tratamento das sequelas motoras causadas pela Chikungunya em usuários de uma Unidade de Saúde da Família. Assim, os resultados mostraram uma redução significativa das dores dos usuários e consequentemente um aumento da qualidade de vida desses indivíduos.
