TEA QUEBRANDO AS BARREIRAS: UM OLHAR MULTIDISCIPLINAR

Apresentação

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) consiste numa dificuldade persistente na comunicação social e na interação social em diversos contextos, envolvendo déficit na reciprocidade social, especialmente abordando o comportamentos não verbais, que são fundamentais na comunicação entre as pessoas, já que permite uma interação social, além disso, existe um prejuízo na habilidade para desenvolver, manter e compreender as relações. No ano de 2021 a equipe do Ambulatório de Saúde Mental do Centro Avançado Especializado Drº Francisco Sales do Nascimento (CAE) iniciou um projeto, pois observou-se que as crianças autistas encontravam-se com muita dificuldade de interação social, agravado pelo processo pandêmico, causado pelo isolamento social. Percebeu-se que as crianças estavam regredindo nas habilidades e com muitas dificuldades, apresentando agitação psicomotora, rigidez no comportamento, insônia, dificuldade em cumprir os comandos. Diante desse contexto, após avaliação da equipe Multidisciplinar, foi necessário uma estratégia de intervenção diferenciada. Assim surgiu o projeto, TEA quebrando as barreiras, um projeto que trabalho com os quatro pilares do desenvolvimento infantil, sendo eles: Motricidade, Cognição, Socioafetividade e Linguagem, com a participação dos profissionais da Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Educador Físico do Centro Avançado de Especialidades da cidade de Campo Formoso na Bahia.

Objetivos

Objetivo Geral: •Compreender a importância do grupo terapêutico e multidisciplinar no acompanhamento de crianças autistas no CAE. Objetivos específicos: ✓ Estimular a socioafetividade fortalecendo os vínculos entre as crianças e seus pares e pais ✓ Possibilitar o aprimoramento da linguagem das crianças ✓ Contribuir como a evolução cognitiva das crianças ✓ Incentivar o melhor desenvolvimento da motricidade e possibilitar que a criança se adapte aos desafios que são impostos durante o trabalho em grupo.

Metodologia

O projeto foi realizado com 28 crianças autistas de nível, 1, 2 e 3, divididos em quatro grupos de 7 participantes cada, conforme a faixa etária e os níveis de desenvolvimento, um grupo de 02 a 3 anos, 04 à 05 anos, um grupo de 6-8 anos, um grupos 9-12 anos. Com o objetivo de proporcionar a estimulação através da técnica ABA (Analise do Comportamento Aplicado) e o treinamento com os pais. Focando em quatro pilares básicos do desenvolvimento infantil que são a motricidade, a linguagem, a cognição e a socioafetividade. Com o apoio da Fonoaudióloga, Fisioterapeuta e Educador Físico do serviço e duas Psicólogas. A equipe utilizou o ginásio de fisioterapia do CAE uma vez por semana das onze horas até as doze horas, no qual era construído um circuito, com diversas brincadeiras cama de gato, túnel de bambolê, cama elástica, música, roda e inclusive usando os equipamentos do ginásio de fisioterapia para realizar o trabalho. O Projeto durou 4 meses, sendo que cada vez, trabalhou-se um pilar do desenvolvimento infantil. No primeiro mês foi trabalhado a motricidade, no segundo linguagem, no terceiro cognição e no quarto socioafetividade, todos os trabalhos contou-se com a parceria das famílias, essas atividades contribuirão para melhorar o desenvolvimento das crianças.

Resultados

O trabalho foi realizado durante quatro meses, cada mês com várias atividades que poderiam contribuir com o desenvolvimento infantil. A cada mês um dos profissionais trabalhava com os pais enquanto os outros com as crianças. Buscou-se realizar atividades conforme a faixa etária das crianças. Foi solicitado que em casa os pais seriam responsável pela realização das atividades, conforme orientação da equipe. A cada encontro era utilizado um novo desafio. Através das brincadeiras foram trabalhadas a linguagem, a lateralidade (direita e esquerda), coordenação motora, organização tempo, no espaço, lateralidade, discriminação, memória, raciocínio, capacidade de compreensão, percepção e as relações entre as criancas e seus pares e pais, sendo assim, buscou-se inserir as famílias durante todo processo como parceira da equipe multidisciplinar, possibilitando que as crianças aumentassem seu repertório e fortalecesse os vínculos afetivos entre os pais e as crianças. Os genitores relatam que as crianças passaram a ter uma melhor interação com outras crianças, começaram falar mais com eles, diminuíram as crises de birra e de estereotipias, o sono melhorou, o nível de ansiedade diminuiu, diminui também a rigidez no comportamento, conseguiram adaptação aos ambientes que apresentavam barulho, consequentemente não tiveram dificuldades com o retorno das aulas, o que deixou os pais admirados.

Conclusões

Após verificar-se a eficácia deste trabalho com crianças com TEA e sua divulgação por parte da própria família das crianças, cogita-se a possibilidade de ampliar os grupos, com o intuito de atingir outras alterações do comportamento e transtorno do neurodesenvolvimento. Diante desse olhar da multidisciplinaridade e os resultados obtidos a Gestão Municipal encontra-se repensando e articulado melhorar as formas de atendimento das crianças com ou sem transtorno do neurodesenvolvimento. Em breve será implantado no Município o Multicentro Pediátrico como uma equipe multidisciplinar de pediatria, fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia, psiquiatria infantil, neuropsicologia, neuropediatria, educador físico. A demanda do município cresceu muito, até dezembro de 2022, tinhamos cadastrado no serviço 1533 crianças e adolescentes. Dentre eles 740 encontra-se em avaliação e intervenção precoce, 335 com diagnósticos Transtorno Aspecto Autista (TEA), 240 com Deficiência Intectual (DI), 213 com ansiedade, 67 Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), 28 Transtorno de Aprendizagem (dislexia, disgrafia, discalculia e outros), entre outras.