No final do ano de 2021, as macrorregiões sudoeste, sul, extremo sul, oeste e leste da Bahia foram atingidos por fortes chuvas que ocasionaram uma das maiores situações de emergência das últimas décadas. As enchentes causaram destruição de grande proporção nos municípios, deixando-os sem energia elétrica, internet, sem medicações e equipamentos, comprometendo todas as estruturas de saúde e o acesso da população à assistência. Além disso, os profissionais da saúde ficaram impossibilitados de atuar devido à interdição de estradas por deslizamentos ou alagamentos. Com a perspectiva de potencializar o suporte aos gestores municipais da saúde nesse contexto, o Apoio Institucional do Conselho Estadual de Secretarias Municipais de Saúde da Bahia COSEMS-BA criou estratégias e ferramentas para atuar nos diferentes contextos a partir das necessidades dos municípios e regiões afetadas. Esse cenário mobilizou as diferentes forças do SUS no auxílio aos municípios o que requereu fortalecer e/ou construir canais de comunicação permanentes entre os secretários de saúde e as/os apoiadores das regiões afetadas. Após as chuvas, ainda foi necessário lidar com os agravos que surgiram pós-enchente, como aumento casos de COVID, síndrome gripal e arboviroses. Frente ao exposto, esse relato de experiência baseia-se na atuação do apoio institucional junto aos gestores de saúde dos municípios afetados pelas fortes chuvas na Bahia, no período de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022.
Geral: Apresentar a experiência do Apoio Institucional no auxílio aos gestores dos municípios afetados pelas chuvas na Bahia. Específicos: Apontar estratégias e ferramentas utilizadas pelo apoio institucional no auxilio aos gestores municipais de saúde Analisar os desafios para os gestores municipais e para a atuação do apoio institucional sem situação de catástrofe.
Trata-se de um relato de experiência sobre a atuação do apoio institucional em uma situação de catástrofe. Considera-se a relevância deste tipo de trabalho por sua pertinência e importância dos problemas que nele se expõem, assim como o nível de generalização na aplicação de procedimentos ou de resultados da intervenção em outras situações similares, ou seja, uma colaboração à práxis metodológica da área a qual pertence, bem como pela possibilidade de colocar em análise o processo de trabalho no contexto do SUS. O levantamento das ações realizadas foi feito com base em análise de documentos oficiais dos municípios, COSEMS, SESAB e resoluções de comissão intergestora bipartite. O apoio e suporte aos municípios foram ofertados em tempo integral, inclusive aos finais de semana e feriados, estando o Apoio Institucional e a equipe COSEMS disponíveis em auxiliar os gestores em todas as demandas provenientes da calamidade pública.
Diante do impacto geral que a tragédia trouxe para as regiões, causando abalo em toda a população e nos próprios secretários de saúde e equipes, os gestores puderam ter suas demandas amenizadas ao encontrar suporte ininterrupto dos Apoiadores Institucionais e no COSEMS. A construção de estratégias e ferramentas de apoio foram orientadas pela necessidade individual e coletiva dos gestores dos municípios afetados. Foram realizadas reuniões online e presenciais de alinhamento de estratégias, criação de grupo de whatsapp para comunicação direta, criação de planilhas para monitoramento diário das necessidades municipais como medicamentos, profissionais, EPI’s e outros, articulações entre serviços e equipes de saúde e desses com corpo de Bombeiros, defesa civil, entre outros. Foram realizadas visitas aos municípios, construção de um modelo de plano municipal de contingência, orientações para demandas prioritárias e estímulo à criação de comitês operacionais de emergência municipal, mediação para acesso aos kits de medicamentos básicos e realização de levantamento das unidades de saúde com estrutura física afetada e acompanhamento para o restabelecimento operacional. As ações desenvolvidas pelo COSEMS por meio do apoio institucional contribuíram para os gestores recuperar e reorganizar a rede municipal de saúde. Podemos afirmar, ainda, que houve uma reestruturação momentânea para ações de vigilância das arboviroses e leptospirose, dentre outras de transmissão hídrica.
Esta experiência revelou a potencialidade das equipes do escritório e do apoio institucional em conjunto com a diretoria e presidência do COSEMS-BA em atuação integrada e modulada a partir da necessidade dos municípios, inclusive em situação de tragédia. Como destaque diante de tal situação à busca da estruturação dos serviços de saúde mental para apoiar, não apenas os usuários, mas especialmente os trabalhadores que foram fortemente afetados com a grande demanda de atendimentos, sendo muitas vezes, eles próprios, as vítimas dos alagamentos. O Apoio se mostrou forte no suporte aos municípios, tendo regiões com 100% dos municípios em estado de calamidade pública, sendo necessário imprimir maior atenção e dedicação à relação com os secretários municipais de saúde. Essas as ações também possibilitaram apoio emocional aos gestores e foram importantes para que todas estas regiões superassem a crise causada pelas fortes chuvas. Trata-se de experiência que denota a busca incessante pela aproximação ao dia a dia dos gestores, compreender as suas angustias e junto com eles buscar caminhos possíveis para cada situação apresentada, num esforço para atuação individual e coletiva entre pares, mobilizando parceiros, estimulando os demais níveis
