ESTRATÉGIAS BASEADAS EM NÚMEROS E CONTEXTO: BIOESTATÍSTICA NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DA COVID-19

Apresentação

Os sistemas de Tecnologia da Informação (TI) em saúde permitem, dentre outras vantagens, a coleta e o gerenciamento de dados para gestão da qualidade, a notificação de resultados e a vigilância e notificação de doenças. As medidas de contenção de riscos da COVID-19 em Vitória da Conquista – BA, foram fundamentadas em análise de dados provenientes de sistemas que permitiam a atualização constante dos casos de síndrome gripal e infecções pelo SARS-coV-2. Os sistemas de Classificação de Risco e Manejo do Paciente, Call Center e Laudo de Resultados online foram essenciais para manter a comunicação de informações sobre o quadro epidemiológico da cidade, permitindo assim a definição de ações estratégicas para proteger o bem-estar biológico-psíquico-social de uma população estimada de 343.643 pessoas.

Objetivos

O objetivo deste relato de experiência é descrever como a tomada de decisão baseada na análise bioestatística foi importante para a nortear as ações de vigilância epidemiológica da COVID-19 na cidade de Vitória da Conquista nos anos de 2020 e 2021.

Metodologia

Para minimizar os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre o sistema de saúde e minorar o impacto econômico, a análise bioestatística foi essencial para a concepção de estudos sobre o cenário epidemiológico local, análise de dados e aplicação de intervenções apropriadas. A análise de dados permitiu reconhecer tendências de comportamentos das curvas de ritmo de transmissão, crescimento de casos confirmados, óbitos e da taxa de ocupação dos leitos hospitalares. A partir da interpretação desses dados, foi possível tomar decisões estratégicas para definir as fases do processo de retomada das atividades econômicas, sem que houvesse um colapso do sistema de saúde. O número de casos de COVID-19 e seus desfechos (óbito, recuperação ou hospitalização), dados pelos quais as análises foram baseadas, foram extraídos do sistema de monitoramento desenvolvido pelo Núcleo de Tecnologia da Prefeitura. A administração municipal também implantou um sistema de call center, que permitiu a busca ativa de possíveis infectados e orientações sobre o diagnóstico e enfrentamento da doença. Outra ferramenta utilizada para contextualizar a análise bioestatística, foi relatório de mobilidade da comunidade disponibilizado pela empresa Google na Internet, que tornou possível a observação de mudanças da mobilidade humana local em função das políticas criadas para enfrentar a pandemia.

Resultados

O controle da locomoção de pessoas e a interrupção da prestação de determinados teve início em março de 2020. A partir de junho do mesmo ano, foi iniciada a primeira fase de reabertura do comércio, cuja fase final entrou em vigor em setembro. A prorrogação e alteração das medidas de flexibilização foi baseada por análise preditiva consolidada por meio dados quantitativos e qualitativos provenientes de diferentes fontes. É importante mencionar que, mesmo com as medidas de flexibilização, a ocupação de leitos de UTI públicos, em nenhum momento, chegou ao limite máximo de 100%. O ótimo desempenho da vigilância epidemiológica em relação ao controle dos casos de COVID-19, também pode ser confirmado pela análise das taxas de mortalidade e letalidade. Dentre os 91 municípios com mais de 300.000 habitantes, Vitória da Conquista ocupou o 10º lugar em relação às menores taxas de letalidade (1,53%) e mortalidade (67,06 em 100.000 habitantes) em 31/12/2020, passando, respectivamente, para a 6ª (1,74%) e 4ª posição (188,39) em 31/12/2021.

Conclusões

A tomada de decisão orientada pela interpretação bioestatística de dados epidemiológicos, reunidos a partir de sistemas eletrônicos integrados às unidades de saúde, aliada à vigilância global da doença ajuda a prever tendências, como o surgimento de novos focos de infecção e seus picos. Esta estratégia, utilizada pela gestão da vigilância epidemiológica de Vitória da Conquista, possibilitou o acolhimento integral dos infectados por COVID-19 e a retomada das atividades econômicas em momento oportuno sem geração de prejuízos ao sistema de saúde.