Em uma cidade do interior da Bahia, localizado na Macrorregião do Sudoeste, A cidade de Dom Basílio, possui 12.000 habitantes aproximadamente. Neste contexto, está alocada uma equipe de residentes vinculada ao Programa Estadual de Residência Multiprofissional Regionalizado em Saúde da Família, composta por uma assistente social, uma dentista, uma enfermeira, uma fisioterapeuta, uma nutricionista e um psicólogo, que atuam no território desde março de 2021. Através do processo de territorialização, conhecimento dos pontos da rede de atenção e demais serviços de saúde disponíveis no município, bem como a identificação dos determinantes sociais da saúde, surgiu a necessidade da construção de uma estratégia para a minimização de barreiras do acesso à informação e serviços de saúde, e ampliação das ações de promoção e prevenção para além dos consultórios e demais dispositivos da rede, tendo em vista o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, principalmente no contexto de pandemia, em que muitas ações desse teor tem sido fragilizadas.
O presente estudo objetivou relatar a experiência de um projeto de educação em saúde e da participação popular desenvolvido em praças e locais públicos, planejados e executados por uma equipe de residência multiprofissional em parceria com a gestão municipal e equipe da Atenção Primaria.
O projeto foi fundamentado na intercomunicação entre profissionais e comunidade, em que a construção do conhecimento em saúde foi realizada horizontalmente, com linguagem apropriada e promovendo a participação popular. Os residentes se reuniam duas vezes por semana para planejar e executar de forma interdisciplinar as ações a serem desenvolvidas nos encontros noturnos, em praças ou vias públicas do município, com o apoio da gestão municipal de saúde, pelo qual foram viabilizados recursos audiovisuais, cadeiras, itens de proteção como máscara, álcool 70%, além de transporte para efetivação do projeto. A programação priorizava ações interdisciplinares e estratégias para que o público presente também fosse protagonista dessa produção de conhecimento, oportunizando uma aprendizagem significativa. O formato é acessível para toda a população que é informada através das redes sociais e rádio, além da busca ativa de transeuntes um pouco antes do horário previsto para a intervenção.
Baseando-se no cronograma das campanhas de prevenção e promoção à saúde priorizadas pelo Ministério da Saúde, como o Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul, a experiência relatada abrangeu diferentes temas, atingindo públicos distintos. Dentre outras ferramentas propostas pelos residentes e fornecidas pela gestão local, aplicou-se o recurso “Saúde na Caixa”, em que eram depositados questionamentos e sugestões, o que também favorece uma maior interação, principalmente quando o participante não se sentia à vontade para verbalizar, e planejamento de temas que são de interesse do público participante que se torna ainda mais ativo. Outra estratégia que possibilitou uma maior participação, foi a arte e cultura como um estimulos operantes. De modo geral, foi possível observar: aumento dos usuários nas Unidades de Saúde da Família 01 e 02 em procura dos profissionais nas respectivas campanhas, o que também pode contribuir para o fortalecimento de vínculo maior participação popular nas discussões sobre as temáticas maior autonomia e protagonismo dos sujeitos envolvidos. De forma secundaria foi observado que estes usuários passou a identificar as Unidades de Saúde da Família como um lugar de promoção e prevenção em saúde.
Nota-se que o projeto Saúde na Praça é uma estratégia capaz de aproximar trabalhadores, estudantes e usuários do Sistema Único de Saúde sendo conduzida equanimemente por todos os participantes, tornando-se um recurso potente na APS. Contudo, vale reforçar o quanto o apoio da gestão local é necessário para o desenvolvimento dessas ações, além do compromisso e determinação da equipe de residentes em desenvolver ações de prevenção e promoção em saúde por uma APS cada vez mais forte e resolutiva.
