A presidente do Cosems Bahia, Stela Souza, participou nesta segunda-feira (13) da inauguração do Centro Estadual de Referência às Pessoas com Doença Falciforme Rilza Valentim. A inauguração foi realizada pelo governador Jerônimo Rodrigues e pela secretária estadual de Saúde da Bahia, Roberta Santana, e contou com a participação de diversas autoridades.
O Centro está equipado para realizar atendimento ambulatorial nas especialidades de hematologia, ortopedia, gastroenterologia, oftalmologia, nutrição, psicologia, odontologia, fisioterapia, serviço social e assistência farmacêutica.
A gestão da unidade será realizada pela Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (Hemoba), que é referência no atendimento a pacientes com doença falciforme, acompanhando cerca de 5 mil pessoas na capital e no interior, além de ser responsável pela assistência transfusional e farmacêutica, incluindo a dispensação de medicamentos de alto custo.
A doença falciforme é uma das condições genéticas e hereditárias mais comuns no mundo, sendo prevalente na população negra, apesar de não ser exclusiva. Com mais de 76% da população baiana composta por negros, a incidência da doença falciforme é de 1/650 nascidos vivos. Atualmente, mais de 12.400 pessoas são acompanhadas em serviços especializados no estado, distribuídos nos municípios de Alagoinhas, Barreiras, Camaçari, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Lauro de Freitas e Salvador.
Os pacientes com a doença falciforme realizam transfusões regulares de concentrado de hemácias e em virtude da má circulação sanguínea sofrem com episódios frequentes de dor severa. Outra morbidade característica é o AVC e fluídos macular.
Dados do Sistema de Informações Sobre Mortalidade (SIM) apontam que a Bahia teve 603 óbitos por Doença Falciforme entre 2015 e 2022, sendo 86 apenas no último ano.
Além dos serviços transfusionais e consultas, o Centro realizará exames hematológicos e doppler transcraniano, este último fundamental para diagnóstico precoce de alterações de vasos cerebrais, que estão relacionadas com o desenvolvimento de AVC. “Todo o atendimento realizado no ambulatório do Hemocentro Coordenador da Hemoba, que está localizado em Salvador, no bairro de Brotas, será transferido para o Centro após a inauguração”, ressalta a secretária da Saúde do Estado.
Como ser atendido
A unidade não realiza atendimento de urgência e emergência, o que significa que não atende demanda espontânea. Para triagem hematológica, os interessados devem enviar um e-mail para ambulatorio.triagem@hemoba.ba.gov.br.
E os pacientes que já são acompanhados pelo serviço devem agendar a consulta pelos telefones (71) 3116-5675 ou 3116-5676, das 8h às 19 horas, de segunda a sexta-feira. Ou enviar um email para consulta.ambulatorio@hemoba.ba.gov.br.
A unidade gerida pela Fundação Hemoba funcionará de segunda a sexta-feira, das 7h às 19 horas. Com 2.186,39m² de área construída, o Centro tem capacidade para atender 100 mil pacientes, um acréscimo de 25% em relação ao ambulatório do Hemocentro Coordenador, em Brotas. Além dos serviços assistenciais, a estrutura foi pensada como espaço de ensino e pesquisa.
Semana de inauguração
O Centro ofertará 100 testes por dia para o rastreio da doença falciforme na população na semana de inauguração. Na terça-feira (14) os interessados poderão se dirigir a unidade entre as 8h e 17 horas.
O público elegível são crianças que não fizeram o teste do pezinho, lembrando que esse exame não é substitutivo; ou ter histórico familiar da doença falciforme; ou ter antecedente de anemia de causa desconhecida entre 1 e 45 anos. É preciso levar RG, CPF e Cartão do SUS.
Homenagem
Centro de Referência às Pessoas com Doença Falciforme – Rilza Valentim é uma homenagem a uma militante histórica na luta contra as injustiças. Rilza Valentim nasceu em São Francisco do Conde, município distantecerca de 72 km de Salvador., e tinha doença falciforme Graduada em Química pela Universidade Federal da Bahia, iniciou a trajetória na administração pública ao assumir a secretaria Municipal de Educação na sua cidade natal, em 1997.
Em 2000 foi eleita pela primeira vez vereadora, sendo reeleita na eleição seguinte. Ela defendia a liberdade, a igualdade e o combate ao racismo. Faleceu em 2014 aos 51 anos, por complicações decorrentes da anemia falciforme. Rilza era mãe de três filhos: Rafaela, Rodrigo e Raiana, e foi a única prefeita baiana a receber um selo pela primazia em ações afirmativas para a população negra.
Com informações da Sesab
Fotos: Leonardo Rattes / Sesab