Pensando na saúde mental dos diversos profissionais de saúde que estão à frente do combate à COVID-19, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (Saps/MS) lançou o projeto Telepsi, que tem o objetivo de realizar teleconsulta psicológica para esses trabalhadores até setembro de 2020.
Trata-se do reconhecimento do Governo Federal sobre a necessidade de apoio a esses profissionais que, pelo trabalho intenso, com riscos de contaminação elevados e enfrentando condições adversas, podem ter sintomas como ansiedade, depressão, irritabilidade e outras manifestações do estresse agudo que estão vivendo.
O Telepsi, projeto de Atenção em Saúde Mental por Teleatendimento para Profissionais de Saúde no Contexto da Infecção SARS-CoV-2, será realizado em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e contará com uma central de teleconsulta formada por profissionais da Psicologia e Psiquiatria selecionados por edital. Ao todo, o Ministério da Saúde investirá R$ 23 bilhões no projeto.
A ação subsidiará, ainda, pesquisa sobre a eficácia de diferentes modalidades de psicoterapia, sendo o maior projeto de pesquisa desta natureza já realizado no país e um dos maiores em todo mundo.
São apoiadoras da iniciativa a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS); a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP); a Universidade Federal de Ciência da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); a Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS); a Universidade de São Paulo (USP); a Universidade Federal do Paraná (UFPR); e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP).
Como será feito o atendimento
Profissionais de saúde do SUS envolvidos no contexto da infecção por SARS-CoV-2 que se sentirem na condição de sofrimento psíquico podem utilizar o canal Telessaúde de atendimento, pelo nº 0800 644 6543 (opção 4).
Não haverá consulta no primeiro contato. No primeiro momento, o atendente fará uma explicação sobre o projeto e uma avaliação de saúde mental. De acordo com o resultado dela, encaminhará o interessado para um terapeuta, que realizará a melhor abordagem diante do caso. Este entrará em contato com o paciente e agendará a primeira teleconsulta. Ela será realizada no melhor dia para o interessado e durará 50 minutos, sendo feita por videochamada, com utilização de estratégias de intervenção em situação de crise, por meio de psicoeducação, psicoterapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal. Caso o profissional de saúde esteja em local de difícil acesso à internet, poderá ser atendido por um telefone fixo.
Aqueles que forem identificados com potencial de risco ou sintomatologia muito intensa serão encaminhados para avaliação psiquiátrica. Havendo a necessidade de intervenção farmacológica, o profissional será referenciado para a rede de saúde local.
Aqueles que tiverem indicação para intervenção psicoeducativa contarão com materiais e vídeos produzidos pela equipe técnica responsável pelo projeto, coordenada pelo médico e doutor em psiquiatria Giovanni Abrahão Salum, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Esperamos que os profissionais obtenham alívio para o seu sofrimento utilizando o que já se sabe de intervenções que funcionam e que tem base científica. O projeto testará também que tipo de técnica pode ser mais adequada para essas situações de crise”, colocou o coordenador.
Ainda segundo Salum, especialistas do projeto com o apoio de diversas instituições elaboraram manuais com o modelo de atendimento terapêutico desenhado no projeto. Eles serão disponibilizados no site do projeto para serem aplicados em outras iniciativas pelo país.
Até o momento, dois manuais sobre Telepsicoeducação foram lançados, um com e outro sem vídeos; além dos manuais de Telepsicoterapia Cognitivo-Comportamental Breve e Telepsicoterapia Interpessoal Breve. O projeto disponibiliza ainda vídeo-aulas sobre como aplicar os manuais na prática e exemplos de sessões simuladas, com personagens fictícios, para facilitar a disseminação das técnicas utilizadas no projeto.
Além deles, a versão preliminar de 28 vídeos sobre psicoeducação foram elaborados e já estão disponíveis para ajudar nas psicoterapias. Todos podem ser encontrados na plataforma do Telepsi.
A elaboração da parte de pesquisa do projeto contou com um dos maiores especialistas mundiais na área de psicoterapia, Dr. Pim Cuijpers, que atua na Holanda. Segundo a Expertscape, organização que ranqueia pesquisadores de acordo com a sua expertise, ele é o melhor na área.
Via SAPS/MS